Julgamento de motorista que atropelou ciclistas deve terminar na quinta-feira

Julgamento de motorista que atropelou ciclistas deve terminar na quinta-feira

Advogado do réu pedirá absolvição já que ele “passou por um período de constrangimento”

Correio do Povo

Julgamento de Ricardo Reis deve terminar na quinta-feira

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O julgamento do bancário Ricardo José Neis, que atropelou 17 ciclistas em 2011, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, teve início na manhã desta quarta-feira na 1ª Vara do Júri, no Foro Central de Porto Alegre. A previsão é de que a sessão, presidida pelo Juiz de Direito Maurício Ramires, termine nesta quinta-feira.

Pelo Ministério Público atuam os Promotores Eugênio Paes Amorim e Lúcia Helena de Lima Callegari. Já a defesa do réu está sendo feita pelo advogado Manoel Pedro Silveira Castanheira. O réu, que permanece em liberdade durante o processo judicial, responde por 11 tentativas de homicídio e 5 lesões corporais. Nesta quarta-feira foram inquiridas as vítimas, testemunhas de defesa e o réu. Na quinta ocorrerá os debates entre acusação e defesa, seguido da decisão dos jurados sobre o caso e posterior anúncio da sentença pelo magistrado. Um grupo de ciclista acompanha o julgamento.

Ao chegar na 1ªVara do Júri, a Promotora Lúcia Helena de Lima Callegari manifestou a expectativa de que o acusado seja condenado, com pena superior a 25 anos. “Eu espero que a sociedade, através dos jurados, dê uma resposta efetiva que o réu merece. Ele agiu de forma egoísta e não se preocupou com o seu semelhante, simplesmente passou de uma forma impulsiva e agressiva por cima das pessoas”, afirmou.

Já o Promotor Eugênio Paes Amorim disse que ‘mais importante do que a pena é a obtenção de uma decisão justa com a condenação do réu”. Segundo ele, o caso é marcante pois se terá “uma mostra de civilidade ou não dos gaúchos”. Na sua opinião, a decisão do júri vai dar uma ideia como a sociedade encara a violência no trânsito, destacando a presença do egoísmo e da barbárie nas ruas. “Toda a violência começou a partir do réu. Ele semeou tudo isso e chegou agora o dia da colheita”, resumiu.

Por sua vez, o advogado de defesa do bancário, Manoel Pedro Silveira Castanheira, afirmou que os cincos anos de processo foram para ‘juntar provas e testemunhas aos autos para pleitear a absolvição”. “Ele passa nesse período por um constrangimento que não merecia”, observou. O defensor do bancário entende que o seu cliente já cumpriu qualquer pena nesse período pois era “apontado nas ruas”.

O Juiz de Direito Maurício Ramires destacou que o julgamento está sendo tratado como qualquer outro já realizado. “É mais um da nossa pauta, dentro da absoluta normalidade”, esclareceu, admitindo, porém, a existência do interesse público em relação ao caso.

Caso correu o mundo e provoca outros protestos

O atropelamento ocorreu na noite de 25 de fevereiro de 2011 quando ciclistas do movimento Massa Crítica, além de simpatizantes, foram atingidos pelo Golf dirigido pelo bancário. Ele teria ficado irritado por ter a passagem bloqueada pelo grupo e avançou com o carro sobre o grupo.

Presente no primeiro dia do julgamento, o ciclista Maurício Ariza, da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), espera que ocorra justiça no caso que considerou como “extremo’ em relação aos incidentes envolvendo motoristas e ciclistas que acontecem todos os dias. “Precisamos de uma mudança cultural se não teremos uma nova tragédia semelhante. Esperamos que não corra a impunidade para a violência no trânsito pois houve um verdadeiro boliche humano”, conclui.


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