Justiça aceita denúncia contra três suspeitos de matar Bruno e Dom

Justiça aceita denúncia contra três suspeitos de matar Bruno e Dom

MPF denunciou Amarildo da Costa, Oseney da Costa e Jefferson Lima por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver

R7

A perícia da PF informou ainda que o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça

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A Justiça Federal aceitou, nesta sexta-feira, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Eles foram enquadrados nos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

No documento, o MPF explica que Amarildo e Jefferson confessaram o crime, enquanto Oseney teve a participação comprovada por depoimentos de testemunhas. A denúncia traz ainda prints de conversas e cita os resultados de laudos periciais, com a análise dos corpos e objetos encontrados.

De acordo com o órgão, já havia registros de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal em território indígena. O que motivou os assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido para Dom fotografar o barco dos acusados, o que é classificado pelo MPF como motivo fútil, podendo agravar a pena.

Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles  pelas costas, sem qualquer possibilidade de defesa, o que também qualifica o crime. "Já Dom foi assassinado apenas por estar com Bruno, de modo a assegurar a impunidade pelo crime anterior", informou o MPF.

Relembre o caso

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens para um livro sobre invasões de áreas indígenas.

O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para os jornais The New York Times e The Washington Post, bem como para o britânico The Guardian. Bruno era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas estava licenciado desde que tinha sido exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.

Em 15 de junho, a Polícia Federal localizou os restos mortais dos dois. A corporação encontrou os cadáveres depois de o pescador Amarildo da Costa confessar os assassinatos e levar os policiais até o local, onde havia enterrado os corpos.

Exames realizados pela Polícia Federal no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, constataram que os materiais encontrados eram de Dom e Bruno. A perícia chegou a essa conclusão após analisar as arcadas dentárias das duas vítimas.

A perícia da PF informou ainda que o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Dom foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen.


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