“Justiça ainda será feita”, diz irmão de fotógrafo morto em Canoas sobre absolvição de ré

“Justiça ainda será feita”, diz irmão de fotógrafo morto em Canoas sobre absolvição de ré

MP vai recorrer de decisão que absolveu ex-companheira de traficante por morte de José Gustavo Bertuol Gargioni

Marcel Horowitz

Paula Caroline Ferreira Rodrigues respondia por homicídio triplamente qualificado

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O Ministério Público vai recorrer da absolvição de Paula Caroline Ferreira Rodrigues pela morte do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, então com 22 anos, em Canoas. A mulher de 29 anos respondia por homicídio triplamente qualificado e foi inocentada por um júri popular, na última sexta-feira. A decisão frustrou os familiares do jovem.

Gustavo morreu em julho de 2015. A acusação aponta que ele mantinha um relacionamento com a ré. Ela era namorada de Juliano Biron da Silva, apontado como líder de uma facção e condenado a 18 anos de prisão pelo crime. Conforme o MP, o fotógrafo foi emboscado e morto pela dupla.

O irmão gêmeo da vítima, Guilherme, conta que o desfecho do júri surpreendeu a família. “A gente achou que o resultado não seria desse jeito. Um dia a Justiça ainda vai ser feita”, disse.

Naturais de Maceió (AL), os gêmeos chegaram ao RS quando tinham apenas um ano de idade. Os irmãos trabalhavam juntos no ramo da fotografia.“Mesmo se ela fosse presa, isso não traria meu irmão de volta. No fim isso não faria diferença ”, desabafa Guilherme.

A ré estava presa desde o dia 20 de outubro, quando foi localizada por policiais civis no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Ela está gravida de 19 semanas. O pai do bebê é um traficante conhecido como Letier, outro líder do tráfico em Canoas. Ele cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

O advogado de defesa, Jean Severo, alega que Paula era abusada pelo ex-companheiro e não premeditou o crime. “Ela não sabia que o corréu ia fazer essa maldade. Começou a namorar [o Biron] quando tinha 13 anos e foi abusada durante todo esse tempo. A decisão do júri é sempre soberana”, afirmou.

O delegado Marco Guns, que coordenou as investigações, não quis comentar o julgamento. “Não quero estender o sofrimento deles. Tenho imenso respeito pela família, que sabe e saberá superar a dor em Cristo.”


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