Leite lamenta feminicídios e Conselho Estadual pede volta de Secretaria de Políticas para as Mulheres no RS

Leite lamenta feminicídios e Conselho Estadual pede volta de Secretaria de Políticas para as Mulheres no RS

Na última sexta-feira, em menos de 24h, RS registrou feminicídios em Feliz, Parobé, São Gabriel, Bento Gonçalves, Viamão e Santa Cruz do Sul

Correio do Povo
Governador Eduardo Leite se manifestou sobre feminicídios em seu Twitter

Governador Eduardo Leite se manifestou sobre feminicídios em seu Twitter

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Os seis casos de feminicídios registrados na última sexta-feira no Rio Grande do Sul causaram repercussões na sociedade. Em menos de 24 horas, mulheres foram assassinadas em Feliz, Parobé, São Gabriel, Bento Gonçalves, Viamão e Santa Cruz do Sul. No sábado, um dia depois dos crimes, o governador Eduardo Leite se pronunciou sobre os seis feminicídios registrados no RS em menos de 24 horas.

Ele lamentou o fato, prestou solidariedade às famílias das vítimas e reforçou que, apesar dos avanços no combate à violência de gênero, ainda é preciso ampliar ainda mais as políticas de proteção, acolhimento e autonomia.

“Seis vidas interrompidas brutalmente por uma violência que, infelizmente, ainda resiste em muitas casas, relações e mentalidades. Não há como naturalizar isso. Também precisamos de respostas firmes da sociedade para uma transformação cultural. Nenhuma política pública é suficiente se a sociedade continuar tolerando esse tipo de agressão, com silêncio e omissão diante dos sinais de violência. Proteger mulheres é uma missão de todos.”, comentou o governador no Twitter.

Já o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do RS, em nota, apontou negligência do Governo do Estado no tema. A entidade afirma que os crimes são resultados de uma “omissão institucional” e “falta de vontade política” para enfrentar a violência de gênero. Além disso, o conselho solicitou o retorno imediato da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM).

“Seis mulheres assassinadas, seis histórias interrompidas, seis vidas que escancararam, de forma devastadora, a falência do Estado gaúcho em proteger suas cidadãs. Sem investimento, sem articulação entre os poderes, sem compromisso real, e sem responsabilidade, as mortes continuarão. Se o governo cruzou os braços, nós não cruzaremos. A omissão do Estado não pode ser uma sentença de morte. A vida das mulheres gaúchas vale mais. E é por elas que seguiremos lutando”, apontou o conselho.

Procurado, o Governo do Estado apontou os avanços nas políticas públicas sobre o tema. No início de março, a SSP havia apresentando um relatório que apontava a queda da taxa de feminicídio pelo segundo ano consecutivo. Em 2024, foram registradas 72 vítimas, número que representa redução de 15,3% em relação ao ano anterior.

Confira trechos do contraponto do governo do Estado:

“O governo do Estado reforça seu compromisso com o enfrentamento à violência de gênero ao mesmo tempo em que manifesta solidariedade às famílias das mulheres que foram vítimas de feminicídio. O Estado avançou com políticas de proteção, acolhimento e autonomia, como o programa Mulher Empreendedora Chefe de Família, a Patrulha Maria da Penha, o monitoramento de agressores com tornozeleira, as Salas Lilás, os CRAMs, a Casa Violeta e diversas ações em rede.

A Polícia Civil (PC) e a Brigada Militar (BM) contam, por exemplo, com unidades especializadas no atendimento à mulher. A PC atualmente tem 24 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs). A instituição também conta com 86 Salas das Margaridas, que são espaços reservados em delegacias, para acolhimento das mulheres que sofreram violência. O ambiente é projetado para que a vítima possa ter assistência policial sem contato com outras pessoas.

Atualmente, a Patrulha Maria da Penha está presente em 114 municípios. As patrulhas têm treinamento especializado para atender e acompanhar as vítimas de violência após a emissão da medida protetiva de urgência (MPU).

Em números:
- Atualmente, são monitorados 263 agressores.
- Até o final do ano passado, 325 vítimas já tinham sido atendidas pelo programa.
- R$ 4,8 milhões foram destinados pelo governo para a aquisição de 2 mil kits de equipamentos.
- Seis meses após a colocação da primeira tornozeleira, o Estado encerrou 2023 com redução de 21,6% no índice de feminicídio na comparação com o ano anterior – em Porto Alegre, a queda atingiu 75%. Em 2024, a redução chegou a 15% em relação a 2023. Ainda em 2024, o RS registrou queda em todos os índices relacionados a feminicídios monitorados pela Polícia Civil.”

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Relembre os casos

Feliz: duplo homicídio em residência

Um duplo homicídio, ocorre por volta da 1h30min na cidade de Feliz, no Vale do Caí. O crime ocorreu no distrito de Arroio Feliz, no interior de uma moradia, às margens da ERS 452.

As vítimas foram identificadas como sendo Raíssa Müller, de 21 anos, e Éric Richard de Oliveira Turato, de 24 anos. O casal foi morto a facadas pelo ex-namorado de Raíssa, Vinicius Britz, de 27 anos, que não aceitava o fim do relacionamento.

De acordo com a Brigada Militar, o ataque ocorreu na cozinha da residência, onde os corpos foram encontrados. O autor do crime foi encontrado caído na piscina da casa, com um ferimento grave na cabeça causado por faca.

Parobé: grávida morta a facadas na rua

Uma mulher de 25 anos, grávida, foi assassinada a facadas nesta madrugada, em Parobé, no Vale do Paranhana. A vítima foi encontrada caída na via pública com diversos ferimentos provocados por arma branca.

Moradores acionaram o 190, relatando gritos e pedidos de socorro no local. Quando os policiais militares chegaram, a mulher já havia morrido. O principal suspeito do crime é o ex-companheiro da vítima, que fugiu após o ataque.

Ele se entregou à polícia em Porto Alegre, acompanhado de sua advogada, de acordo com a Polícia Civil. Após, foi realizado o interrogatório do suspeito, que exerceu seu direito constitucional de permanecer em silêncio. A investigação segue em curso no âmbito do Inquérito Policial.

São Gabriel: mulher degolada em casa

Uma mulher de 47 anos foi morta com golpes de faca na região do pescoço pelo ex-companheiro dentro de casa, no Centro de São Gabriel. O fato ocorreu por volta das 12h desta sexta-feira. A vítima foi encontrada morta dentro da residência, próxima à Unidade Básica de Saúde Brandão Júnior.

O suspeito do crime é um ex-companheiro da vítima, que tem 54 anos. Ele foi localizado na casa de familiares na vila Tiaraju. Com ele, a Brigada Militar encontrou ainda a arma utilizada no feminicídio.

Bento Gonçalves: mulher morta a facadas

Por volta das 15h35, uma mulher de 54 anos foi morta a facadas em Bento Gonçalves, na Serra. Os golpes foram desferidos na região do pescoço. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegou a ser acionada para atender a ocorrência, mas a vítima não resistiu aos ferimentos. A Brigada Militar compareceu ao local e realizou a prisão do suspeito, de 64 anos. Na casa, também foi localizada a faca utilizada no crime.

Viamão: morta a tiros dentro de casa

Uma mulher de 50 anos foi morta a tiros dentro de casa no bairro Santa Isabel, em Viamão. O principal suspeito é o ex-companheiro da vítima. A polícia acredita que o crime tenha sido motivado pelo término da relação. O autor do crime teria fugido do local após o feminicídio, deixando no local a arma utilizada.

Santa Cruz do Sul: assassinada a golpes de facão

Uma mulher foi morta, no bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. O crime ocorreu na tarde desta sexta-feira. A vítima teria sido morta com golpes de facão. O ex-companheiro foi preso ainda no local do crime. Ele estava ferido e foi encaminhado para atendimento no Hospital Santa Cruz.


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