O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou “estarrecido” com o número de mortos na Operação Contenção, a mais letal da história do Rio de Janeiro, afirmou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, nesta quarta-feira (29).Ele foi um dos ministros que se reuniu com o presidente Lula, em caráter emergencial para tratar da Operação no Rio de Janeiro.
A Operação Contenção, ocorrida nessa terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, deixou centenas de mortos, ainda sem um número oficial. A Defensoria Pública Estadual fala em 132 mortos em ofensiva contra o Comando Vermelho
Na terça-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou não ter recebido pedido para apoio à Operação e o governo federal, agora, estuda as próximas ações.
"O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais que se registraram no Rio de Janeiro. Também, de certa maneira, se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal, sem nenhuma possibilidade do governo federal poder, de alguma forma, participar com os recursos que têm, sobretudo com informações e apoio logístico", declarou Lewandowski, que disse não haver "bala de prata" para a extinção do crime organizado.
Segundoele, o presidente Lula determinou que os auxiliares fizessem um apanhado das informações sobre a operação no Rio. O presidente também determinou que Lewandowski e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, se encontrem com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), ainda na tarde desta quarta. "Vamos ouvir o governador e saber do que é que ele precisa, podemos eventualmente aumentar os contingentes da Força Nacional, que já está lá desde 2023. Nós já tivemos 11 renovações, a pedido do governador, da permanência da Força Nacional no Rio", disse o ministro.
Lewandowski lembrou que o governo federal colocou à disposição do Rio vagas em presídios federais para a alocação de lideranças de facções criminosas. O ministro também disse que o Planalto vai colaborar com peritos criminais para a identificação dos corpos. GLO
Segundo Lewandowski, não foi discutida na reunião no Alvorada a adoção da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dispositivo constitucional privativo ao presidente que dá poder de polícia às Forças Armadas, porque não houve um pedido do governo do Rio sobre o tema.
Conforme ele, a GLO é uma operação "complexa" e precisa ter, segundo a legislação, um reconhecimento do Estado do Rio de que as forças locais são incapazes de enfrentar o crime organizado. "A GLO tem que ser requerida formalmente pelo governador, não é uma ação espontânea do governo federal e do presidente da República. Também, segundo a lei, o governador precisa reconhecer a incapacidade das forças locais de enfrentarem essa ameaça à segurança pública", declarou Lewandowski.
Governador falou sobre operação
Nesta quarta-feira, pela manhã, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro concedeu entrevista coletiva e afirmou Operação Contenção, realizada contra o Comando Vermelho, foi um sucesso. Além disso, Castro declarou que apenas policiais foram vítimas na ofensiva, em referências aos quatro agentes mortos.
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