MPRS deflagra operação na Penitenciária Estadual de Rio Grande

MPRS deflagra operação na Penitenciária Estadual de Rio Grande

Alvo foi uma organização criminosa envolvida com corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas

Correio do Povo

Houve apoio da Brigada Militar e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe)

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A segunda fase da Operação Perg foi deflagrada nesta quarta-feira pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) dentro da Penitenciária Estadual de Rio Grande. O alvo foi uma organização criminosa sediada na cidade e voltada ao cometimento dos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. O grupo é um braço da facção que dominava o comércio de botijões de gás em Rio Grande, cujo esquema foi desarticulado na operação Opulência 2 no dia 28 de junho passado.

A ação ocorrida no começo desta manhã foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRS. Houve apoio da Brigada Militar e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Houve o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão em Pelotas, Canoas e Rio Grande. Dois veículos e um imóvel de luxo foram sequestrados judicialmente. Mais de R$ 60 mil em dinheiro sem comprovação de origem, drogas, computadores, armas de fogo, munições, documentos e telefones celulares foram recolhidos.

Os investigados, entre eles dois agentes penitenciários, levavam telefones celulares e entorpecentes para apenados dentro da Penitenciária Estadual de Rio Grande. Um dos agentes é ex-diretor do estabelecimento penal e foi preso preventivamente durante o expediente.

Outro envolvido, que recebeu a ordem de prisão, é um apenado que foi identificado como responsável por fazer os contatos e pagamentos aos agentes penitenciários que levavam materiais ilícitos para dentro da casa prisional. Somente entre julho e novembro de 2022, o detento movimentou R$ 545 mil em uma de suas contas bancárias.

“Este preso arregimentava os agentes penitenciários e os colocava em contato com pessoas fora da cadeia. Em local determinado, geralmente no Cassino ou no Centro de Rio Grande, um membro do grupo em liberdade entregava para o agente materiais ilícitos, como drogas e celulares, dentro de pacotes. O policial penal, então, levava para dentro da Perg. Depois, o apenado pagava o agente com dinheiro em espécie ou por pix. Entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2023, o ex-diretor da Perg movimentou em suas contas mais de R$ 7 milhões, o que é completamente incompatível com sua condição de servidor público sem outra fonte de renda lícita declarada”, explicou o promotor de Justiça do Gaeco-Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas.

No mesmo período, o agente penitenciário preso na operação recebeu de visitantes e apenados R$ 391.373,51 em dinheiro e utilizou sempre o mesmo caixa eletrônico para depositar para si a quantia de R$ 379.228,00. Essas movimentações na boca do caixa foram feitas durante o horário de trabalho ou logo após ele sair da penitenciária após o expediente. A mulher dele foi presa em flagrante por posse irregular de munição.

Na operação Opulência 2, realizada pelo MPRS e Polícia Civil, seis suspeitos foram detidos. Entre eles estavam dois policiais militares que faziam a segurança do grupo criminoso. A organização era responsável pela prática de crimes de extorsão, formação de cartel, ocultação de bens e agiotagem em Rio Grande.

Na ocasião foram cumpridos 107 mandados judiciais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro/RJ. Cerca de R$ 254.630,00 em dinheiro, munições, telefones celulares e documentos.

A investigação, feita durante 15 meses, apurou que pequenos comerciantes de gás estavam sendo intimidados para comprarem o produto da facção e praticarem preços tabelados sob pena de terem seus veículos depredados e suas vidas ameaçadas. Pequenos comerciantes, inclusive, abandonaram seus comércios por medo. A primeira fase da Opulência ocorreu no dia 24 de março de 2022. 


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