Operação prende policiais por suspeita de elo com o PCC
Delegado preso foi um dos responsáveis por investigar delator executado no Aeroporto de Guarulhos

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A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagraram na manhã desta terça-feira, 17, a Operação Tacitus, com o objetivo de prender policiais suspeitos de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O Estadão apurou que um dos presos é o delegado Fábio Baena. Os outros são os investigadores Eduardo Lopes Monteiro e Rogério de Almeida Felício.
Além dos policiais, também foram detidos um advogado, um empresário e outro homem.
Baena foi um dos responsáveis por investigar Antonio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) executado no Aeroporto de Guarulhos, na Grande SP. Conforme o Ministério Público do Estado de São Paulo, o objetivo da ação é desarticular a organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública (corrupção passiva e ativa).
Nesta terça-feira, 130 policiais federais, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo, cumprem oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.
"A investigação partiu da análise de provas que foram obtidas em diversas investigações policiais que envolveram movimentações financeiras, colaboração premiada e depoimentos. Tais elementos revelaram o modo complexo que os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses da organização criminosa", acrescenta a Polícia Federal.
Os investigados, de acordo com suas condutas, podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão. Segundo o MP-SP, a denominação da operação vem do termo em latim que significa silencioso ou não dito. É uma alusão à forma de atuar da organização criminosa.
Fábio Baena Martins trabalhava na 3.ª Delegacia de Repressão a Homicídios Múltiplos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele estava afastado das funções.
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Com a palavra, a defesa de Fábio Baena Martins e Eduardo Monteiro
A defesa constituída do Delegado de polícia Dr. Fábio Baena Martin e do investigador Eduardo Monteiro, indignada, esclarece que a prisão hoje cumprida não possui necessidade, idoneidade e se constitui em arbitrariedade flagrante.
Inadmissível no Brasil se banalizar o direito à liberdade, decretando-se prisão midiática, sem contemporaneidade, e o mais grave, por fatos que já foram investigados e arquivados pela Justiça, por recomendação do próprio Ministério Público.
A palavra pueril de um mitômano, sem qualquer elemento novo de prova, não poderia jamais motivar medida tão excepcional, afrontando o status dignitatis e libertatis dos nossos constituídos. Esclareça-se também que ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações.
Ademais, a defesa denuncia o gravíssimo fato que não se deu o Direito e oportunidade ao Delegado Baena contactar seus advogados avisando de sua prisão e do cumprimento do mandado de busca, o que somente reforça a ilegalidade denunciada.
A defesa está tomando todas as medidas para fazer cessar, imediatamente, a coação espúria constatada.