Pais, alunos e professores ainda vivem clima de tensão na retomada das aulas em Caxias do Sul

Pais, alunos e professores ainda vivem clima de tensão na retomada das aulas em Caxias do Sul

Reforço da segurança foi uma das medidas adotadas na retomada das atividades após ataque de alunos à professora

Guilherme Sperafico
Aulas foram retomadas nesta quinta-feira na escola João de Zorzi

Aulas foram retomadas nesta quinta-feira na escola João de Zorzi

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A insegurança ainda domina a escola onde uma professora foi atacada por dois alunos, em Caxias do Sul, na última terça-feira. Alunos, pais e professores seguem abalados, mesmo após a retomada das aulas. A Prefeitura intensificou o apoio psicológico e a segurança, mas o medo persiste.

A vice-diretora do turno da manhã, Rochele Guerra, relatou que, apesar de o ataque ter ocorrido à tarde, os alunos da manhã chegaram tensos. "Muitos nem conheciam os agressores, mas o clima está pesado. Os professores também estão assustados e com receio de como será daqui pra frente", afirmou.

A preocupação se estende aos pais. Raquel Machado, mãe de um aluno do oitavo ano, confessou ter hesitado em mandar o filho para a escola. "A gente fica apreensiva, mas sei que os professores e diretores estão fazendo o possível para acolher os alunos", disse.

Ela contou que ficou sabendo do ataque por mensagens e telefonemas. "Fiquei muito preocupada. Minha família tem professoras, então me coloquei no lugar da vítima."

Outra mãe, que preferiu não se identificar, disse que sua filha, de oito anos, continua abalada. "Ela chorou muito, ficou em choque. Agora tem medo até de ficar sozinha em casa, coisa que antes fazia normalmente. Mesmo sem ter visto, apontava onde a professora foi machucada", relatou.

Medidas para recuperar a normalidade

A Secretaria de Educação organizou reuniões com os pais para prestar apoio e explicar as ações que estão sendo adotadas. "Nosso objetivo é acolher e orientar. Estamos trabalhando intensamente com nossa equipe psicossocial para minimizar os impactos", afirmou a secretária da pasta, Marta Fattori.

A professora atacada está se recuperando em casa e recebe acompanhamento psicológico. "Ela tem demonstrado melhora, até quer voltar a dar aulas, mas agora precisa se resguardar", disse Fattori.

Já os alunos envolvidos no ataque foram afastados. Os dois adolescentes cumprem medida socioeducativa na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), onde seguirão estudando. "Eles não retornarão à rede municipal. Eles não terão mais idade e não há clima depois de tudo que aconteceu", confirmou a secretária.

A prefeitura garantiu que a segurança será reforçada e que outras escolas também receberão atenção especial. "Infelizmente, a violência da comunidade reflete dentro da escola. Precisamos agir para evitar novos casos", concluiu Fattori.

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