PC identifica 15 postos de combustíveis e lojas de celulares suspeitos de lavagem de dinheiro

PC identifica 15 postos de combustíveis e lojas de celulares suspeitos de lavagem de dinheiro

Operação deflagrada contra uma facção criminosa em 13 cidades gaúchas teve 12 presos

Correio do Povo

Documentos foram apreendidos e serão analisados

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A Polícia Civil suspeita que ao menos 11 postos de combustíveis com lojas de conveniência e quatro lojas de venda de telefones celulares vinham sendo utilizados para a lavagem de dinheiro por parte de uma célula da facção criminosa nascida no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. Na manhã desta terça-feira, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DRLD), da Divisão Estadual de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCCOR) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), sob comando do delegado Marcus Viafore, deflagrou a operação Benzina em 13 cidades gaúchas. Houve 12 prisões e documentos, drogas e armas foram apreendidos.

A investigação do esquema está sendo conduzida há dois anos. “Alguns desses postos já temos fortes suspeitas de que eles realmente faziam esse processo de lavagem de capitais e outros temos de aprimorar provas”, observou o delegado Marcus Viafore. “A importância deste foco da operação é principalmente a descapitalização da organização criminosa”, complementou o diretor do Deic, delegado Sander Cajal.

Em Porto Alegre, os agentes identificaram sete postos de combustíveis, cujos preços cobrados estavam abaixo dos praticados pelo mercado. “Pelo que nós verificamos, uma boa parte deles são de uma bandeira só, mas a gente não tem elementos seguros para afirmar que alguma distribuidora tenha envolvimento com o esquema”, frisou.

“As apreensões vão ser analisadas para firmar o convencimento do indiciamento”, acrescentou o delegado Marcus Viafore, citando o recolhimento de contratos, matrículas e documentação de empresas na ação, que estendeu-se até escritórios de contabilidade que atendiam as empresas da facção. “Todo esse material apreendido vai ser analisado pela equipe de investigação”, adiantou.

Houve o cumprimento de 86 mandados de busca e apreensão e outros nove de prisão temporária, em Porto Alegre, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Frederico Westphalen, Venâncio Aires, Campo Bom, Sapucaia do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Xangri-Lá, Tramandaí e Canoas. Mais de 470 agentes foram mobilizados.

Na ação foram executadas também medidas constritivas de sequestro/indisponibilidade de bens móveis e imóveis, bloqueio de contas de 41 pessoas físicas e jurídicas, bem como afastamentos de sigilos fiscais e bancários de empresas e suspeitos envolvidos. O congelamento, que inclui 29 veículos, como Porsche e Ferrari, e 14 imóveis, chega a R$ 18 milhões.

O trabalho investigativo apontou que em um dos postos de combustíveis, por exemplo, mais de 50% do faturamento de três meses foi em dinheiro em espécie, o que foi considerado como não compatível com a atividade normal nesse ramo.

A administração dos negócios era feita por gerentes da facção criminosa que estivessem em liberdade ou por familiares e laranjas, principalmente no caso daqueles que estivessem presos. Um dos gerentes tinha negócios com um suposto empresário, também suspeito do branqueamento de capital e já indiciado por crime de homicídio, o qual atuava em diversos ramos econômicos, dentre eles, comercialização de aparelhos eletrônicos e administração de imóveis para terceiros. O suspeito é possuidor de um patrimônio que inclui barco, carros importados e imóveis de luxo, em nome de outras pessoas.

No curso das investigações, um dos gerentes da facção foi assassinado e, após sua morte, de maneira fraudulenta, um de seus postos de gasolina foi transferido a outro, vinculado à mesma facção, com o objetivo de não interromper a continuidade da estrutura empresarial destinada à lavagem de dinheiro. 

Transferências de quantias entre pessoas jurídicas e físicas foram detectadas. O dinheiro lavado, misturando valores lícitos e ilícitos, era empregado no tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, extorsão, roubo e receptação.

De acordo com a Polícia Civil, a facção investigada é aliada à organização criminosa da região do Vale do Rio dos Sinos no conflito contra um terceiro grupo, o que tem ocasionado diversos homicídios no Estado. 


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