Polícia investiga motivação para ataque contra crianças em creche de Blumenau
Suspeito não teria ligação com Centro de Educação Cantinho Bom Pastor
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A Polícia Civil de Santa Catarina investiga qual foi a motivação do jovem, de 25 anos, para invadir e atacar as crianças da creche Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, localizada na rua Caçadores, no bairro Velha, em Blumenau, no Vale do Itajaí, na manhã desta quarta-feira. Quatro vítimas, sendo três meninos, de quatro e cinco anos, e uma menina, de sete anos, foram mortas com golpe de machadinha nas cabeças. Elas estavam brincando no pátio.
Ao menos outras quatro ficaram feridas, sendo dois meninos e duas meninas, uma das quais em estado grave. Todas foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Santo Antônio. Há informação de que uma quinta criança ferida foi levada pela mãe. O acusado, que usou uma moto para chegar na creche e pular o muro, foi preso em seguida.
“A Polícia Civil está empenhada na identificação da motivação desta tragédia. Vamos apurar o quanto antes”, assegurou o titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau, delegado Ronnie Esteves. “A gente sabe que está correndo muitas coisas nas redes sociais relacionada a novos ataques, mas a gente pede para a população ter calma e paciência”, observou.
Um dos boatos é de que o autor do ataque participava de uma espécie de jogo de desafio na internet e que tinha como meta assassinar crianças. “Nossa área de inteligência já vem trabalhando para tentar identificar a motivação desse crime. Vamos dar uma resposta o quanto antes à sociedade”, enfatizou. O suspeito não teria ligação com a creche. Uma equipe da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), de Florianópolis, está indo para Blumenau.
Já o comandante do 10º BPM, tenente-coronel Márcio Alberto Filippi, contou que o suspeito entregou-se na sede do batalhão logo após o crime. “Assim que deslocamos as guarnições para o local do fato, recebemos ele nosso quartel”, resumiu. “Ele não falou nada, manteve-se calado”, constatou. O oficial contou ainda que cerca de 40 crianças estavam na creche no momento do ataque que chamou de “atrocidade”. O autor do ataque, lembrou o comandante, já tem antecedentes. “Foi um fato isolado e será devidamente apurado”, garantiu. ‘Não sabemos se tinham outras pessoas dando suporte”, apontou.
O comandante do 3º Batalhão de Bombeiros Militar de Blumenau, tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, confirmou o óbito de quatro crianças e quatro outras feridas, sendo dois meninos e duas meninas, uma delas em estado grave. Ele disse que o invasor da creche estava realmente com uma machadinha.
O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, afirmou que as famílias estão sendo apoiadas neste momento e que as aulas foram suspensas em toda a rede de ensino do município nesta quarta e quinta-feira. “A cidade está prestando todo o apoio possível as famílias nesse momento, se é possível a gente levar algum apoio para quem perdeu o seu filho”, declarou.
“Estamos nos colocando à disposição dessas famílias”, acrescentou, citando como exemplo uma equipe de psicólogos aos pais das vítimas. O prefeito anunciou ainda a decretação de luto oficial de três dias na cidade e também a criação de um gabinete de crise. “Estamos todos juntos e irmanados”, assegurou.
Luto oficial
O governo de Santa Catarina também declarou luto oficial de três dias e informou que a Polícia Científica também foi acionada, bem como as secretarias estaduais de Educação e Saúde estão mobilizadas para atender as demandas no local. “Um dia muito triste para os catarinenses, para todo o país. O que aconteceu em uma creche privada no município de Blumenau, a maneira violenta e precoce que foi tirada a vida dessas crianças bem pequenas”, lamentou, por meio de vídeo, a secretária-adjunta da Educação em Santa Catarina, Patrícia Lueders. “Nos solidarizamos com cada família dessas crianças, com cada servidor dessa creche, com toda a comunidade, porque não há palavras que possam descrever o sentimento de cada um nesse momento”, disse.
"A brutalidade da chacina cometida contra crianças e funcionários na creche de Blumenau choca e comove. Não podemos aceitar que esse tipo de crime se torne recorrente no país. Vamos aprofundar a discussão sobre medidas que previnam esses casos. Meu abraço aos irmãos catarinenses", postou o governador gaúcho Eduardo Leite.
Por sua vez, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) manifestou “seu profundo pesar e sua solidariedade às vítimas e a todos os atingidos pela tragédia”. A instituição pretende “acompanhar todos os desdobramentos no âmbito criminal e cível, mas, no momento, quer externar sua profunda tristeza com o ocorrido e prestar condolências aos familiares das vítimas e aos envolvidos nessa tragédia que abala a todos os catarinenses”.
Em entrevista ao portal de notícias R7, uma das professoras da creche, que não se identificou, revelou que as “pessoas começaram a correr e agora têm quatro corpos no parque”. A educadora também detalhou os momentos de horror que presenciou. “Eu não estava no mesmo local em que ele matou nossas crianças, estava na parte de trás. Várias delas brincavam no parque com outras três professoras. Só percebi o que estava acontecendo quando ouvi a gritaria e as crianças chorando”, comentou.
