Polícia revela elo entre esquema de agiotagem em Canoas e facção do Vale do Sinos

Polícia revela elo entre esquema de agiotagem em Canoas e facção do Vale do Sinos

Cerca de 15 pessoas já foram presas por envolvimento em extorsões no bairro Mathias Velho, desde abril

Marcel Horowitz

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A Polícia Civil confirmou ao Correio do Povo, nesta segunda-feira, que integrantes de uma organização criminosa coordenam um esquema de agiotagem em Canoas, na região Metropolitana. A revelação ocorre após a prisão de um homem, na noite desse domingo, suspeito de extorquir um jovem e a família dele, no bairro Mathias Velho. 

Segundo o delegado Marco Guns, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas (1ª DP), o homem preso no final de semana e um comparsa, que já estava preso, chegaram a obrigar o avô e a mãe da vítima a transferirem um automóvel e a assinarem 48 notas promissórias. Ainda conforme o delegado, que coordenou as investigações, o jovem se tornou alvo de extorsões após ter pego empréstimos com os criminosos. "Eles vinham cobrando de forma violenta a divida de um jovem, que pagou valores altos. Mas os criminosos cometeram o erro de cobrar a mãe e o avô dele também", destacou.

Guns explicou que a agiotagem é praticada por criminosos vinculados a uma facção com base no Vale do Sinos, que também atua em Canoas. O delegado estima que cerca de 15 pessoas já foram presas por envolvimento com o esquema, desde abril, quando foi desencadeada a primeira fase da 'Operação Extorsor'. A segunda fase da ação, ocorreu em julho.  

"Os integrantes das células criminosas identificadas criaram a figura do 'fiador de dívidas inexistentes'. A origem [das dívidas], se dá pela contratação de empréstimo com agiotas que, após receberem um valor muito acima do já contratado, repassam a dívida, não mais existente, para membros de grupos de cobrança violenta, que passam a exigir dinheiro de vítimas aleatórias. Assim, familiares também são submetidos à tortura psicológica", destacou o delegado. 

Todos os fatos apurados pela Polícia Civil ocorreram no bairro Mathias Velho. As investigações revelaram que o modus operandi dos agiotas incluía constrangimentos às vítimas, executados de forma violenta, com permanentes mensagens contendo ameaças, além da depredação de patrimônio e disparos de armas de fogo contra residências.


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