Polícia trabalha com hipótese de que crianças tenham sido dopadas antes de chacina em Alvorada

Polícia trabalha com hipótese de que crianças tenham sido dopadas antes de chacina em Alvorada

Suspeito dos assassinatos é o pai, que foi preso em Porto Alegre

Correio do Povo

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O Departamento de Perícias Laboratoriais do Instituto-Geral de Perícias (IGP) deve confirmar ou não a suspeita levantada pela Polícia Civil de que as quatro crianças mortas pelo pai foram dopadas antes de serem asfixiadas e três delas também esfaqueadas em Alvorada. Os exames estão sendo feitos nos corpos das vítimas, que foram encontrados por um familiar na noite dessa terça-feira dentro da residência da avó paterna, na rua Hermes Pereira de Souza, no bairro Piratini.

O suspeito de cometer o crime foi o próprio pai das crianças, de 28 anos, que acabou sendo preso na madrugada desta quarta-feira em Porto Alegre. Acionados após o recebimento de uma denúncia, os policiais militares do 9º BPM localizaram e detiveram o indivíduo na recepção de um hotel no Largo Vespasiano Júlio Veppo, na área central da cidade. Ele estaria tentando esconder-se no local.

Na manhã desta quarta-feira, o titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Alvorada, delegado Edimar Machado, não descartou a hipótese de que as crianças tenham sido dopadas antes de serem mortas. “O pai disse que deu um chá para as crianças dormirem. A gente ainda não sabe se é verdade. Vamos aguardar os laudos”, declarou. As crianças estariam mortas há aproximadamente entre 12 horas e 24 horas.

“Essa circunstância somente teremos a comprovação com a perícia, se elas estavam sob efeito de uma droga que tenha sido injetada, aspirada ou ingerida. Esse esclarecimento só mesmo com a perícia”, enfatizou também o delegado Augusto Zenon, do plantão do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, responsável por atender a ocorrência no local do crime.

Ciúmes 

Com antecedentes por lesões corporais, o suspeito do homicídio quádruplo foi conduzido pelo efetivo do 9º BPM até o plantão da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento do DHPP, no Palácio da Polícia, onde foi efetuado o registro do flagrante. “No depoimento, ele disse que matou por ciúmes da ex-mulher”, informou o delegado Edimar Machado.

“Ele teria asfixiado depois as crianças. Para se certificar que as crianças estavam mortas mesmo, ele esfaqueou também as maiores, de cinco, oito e dez anos. A de três anos foi só asfixiada. É o relato dele e para confirmar somente com a necropsia”, afirmou o titular da DPHPP de Alvorada.

“As crianças foram encontradas nos quartos. Uma delas estava em um e as outras três no outro quarto. A menor de três anos foi sufocada, a cabeça contra o colchão. As outras três sofreram diversas facadas, duas no peito e uma delas nas costas”, detalhou por sua vez o delegado Augusto Zenon.

Os procedimentos de identificação e necropsia são realizados no Departamento Médico Legal. Já no local do crime estiveram presentes duas equipes da Seção de Atendimento a Local de Crime, do Departamento de Criminalística do IGP. Os laudos periciais serão enviados depois à Polícia Civil, que tem prazo de dez dias para concluir o inquérito. 

Em um comunicado, a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul esclareceu que esteve presente na audiência de custódia do acusado, realizada na manhã desta quarta-feira no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), na Capital, para “garantir a ampla defesa e o contraditório”. 

Na ocasião, a prisão preventiva do suspeito foi decretada. “O homem informou que, em princípio, não constituirá advogado particular. Sendo assim, a partir de agora, a Defensoria Pública seguirá atuando na defesa dele e irá se manifestar somente nos autos do processo”, explicou a instituição.

Vítimas

As vítimas foram identificadas como Yasmin Antunes Lemos, 11 anos, Donavan Antunes Lemos, oito anos, Gyovanna Antunes Lemos, seis anos, e Kimberlly Antunes Lemos, três anos. Conforme depoimento da avó materna, a mãe, de 24 anos, deixou as crianças com a avó paterna para passarem o fim de semana. "Eles gostavam muito de ir na casa da avó, eram para ter voltado domingo, mas acabaram adiando para segunda-feira. E aí, ele não deixou minha filha buscar eles", comentou a avó materna.

Segundo ela, a mãe das crianças tinha uma relação conturbada com o pai. "Eu acionei a polícia, certa vez em que ele a agrediu, quando tentavam uma reconciliação", lembrou. Ainda segundo a avó, foi a mãe do suspeito que ligou para a mãe das crianças, dizendo que ela deveria ir até a residência. Chegando lá, ela viu os filhos sem vida.


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