Terceiro dia de julgamento dos skinheads tem depoimentos de testemunhas de defesa e interrogatórios

Terceiro dia de julgamento dos skinheads tem depoimentos de testemunhas de defesa e interrogatórios

Previsão é que júri dure até esta sexta-feira

Correio do Povo

publicidade

Depoimentos das duas últimas testemunhas de defesa e interrogatório de dois dos três réus, além dos debates orais entre acusação e defesa, marcam nesta quinta-feira o terceiro dia do julgamento dos supostos envolvidos nas agressões contra três jovens judeus, em maio de 2005 no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. O júri é presidido pela Juíza de Direito Lourdes Helena Pacheco da Silva, titular do 2º Juizado da 2ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre. O júri acontece no plenário de grandes júris da Capital, no 2º andar do Foro Central I.

“Eu estou convicta quanto à materialidade. Há provas suficientes. São duas situações que têm que ser aprovadas nesse processo. Primeiro a situação que eles integram grupo de skinheads, neonazista, racista, com práticas de ódio. A segunda, a associação desse grupo criminoso com essa motivação torpe, a prática de uma tentativa de homicídio triplamente qualificada”, declarou a advogada das vítimas e assistente da acusação Helena Druck Sant’Anna, antes do começo da sessão nesta manhã.

“Imagino que o júri se estenda até esta sexta-feira”, previu. Ela observou que as testemunhas deste caso já foram arroladas na fase da instrução do processo, antes da sentença de pronúncia. “Muitas delas já prestaram depoimentos em outros júris dos outros réus, que aconteceram nos anos 2018 e 2019”, recordou a advogada Helena Druck Sant’Anna. “A prova é praticamente a mesma. eu não imagino neste momento qualquer tipo de novidade ”, resumiu. Entre os dez acusados, sete já foram julgados e condenados.

Uma das testemunhas é a ex-esposa de um dos réus. A segunda testemunha é a atual companheira dele. Nesta manhã, a Promotora de Justiça, Lúcia Helena Callegari, do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), exibiu bandeiras com símbolos supremacistas, objetos e cartas com referências nazistas que estariam nas residências dos acusados.

Encerrado na noite dessa quarta-feira, o segundo dia de julgamento teve oitivas de seis pessoas, entre testemunhas e informantes. Um dos depoimentos foi de um ex-policial civis que atuou nas investigações. Ele afirmou que os suspeitos eram pessoas muito parecidas. “Todos carecas, fortes e tatuados”, assinalou. “Todos eles se conheciam e eram amigos”, confirmou.

Os três réus estão sendo julgados por tentativas de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa dos ofendidos), associação criminosa e crime de discriminação ou preconceito racial. Segundo a acusação do MPRS, os três jovens judeus caminhavam na esquina das ruas Lima e Silva e República, bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, na madrugada do dia 8 de maio de 2005. Eles foram atacados por um grupo de skinheads, de ideologia neonazista.

As vítimas usavam quipá, que é um pequeno chapéu em forma de circunferência, usado pelos judeus. O grupo de agressores estaria dentro de um bar e teria avistado os rapazes em frente ao estabelecimento. Uma das vítimas foi golpeada com arma branca, socos e pontapés. O crime só não teria sido consumado devido à intervenção de terceiros que estavam no local, bem como o pronto atendimento médico.

A segunda vítima também teria sido atacada pelo grupo mediante golpes de arma branca, mas conseguiu escapar e buscar abrigo dentro do bar. Por último, o terceiro jovem foi igualmente agredido, mas também conseguiu fugir para o interior de um estabelecimento.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895