Velório de estudante assassinada ocorre na faculdade de Arquitetura da Ufrgs: “dedicou a vida para mudar o sistema”
Sarah Silva Domingues, de 28 anos, foi baleada e morta quando fazia pesquisa na Ilha das Flores
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A faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) foi o local escolhido para o velório da estudante Sarah Silva Domingues, de 28 anos, morta a tiros na região das Ilhas, em Porto Alegre. Após a cerimônia, o corpo será transladado para Campo Limpo Paulista, na região metropolitana de São Paulo, onde ela nasceu. A previsão é que o enterro aconteça na sexta-feira.
Sarah era aluna da Ufrgs desde 2016. Ela entregaria o trabalho de conclusão de curso, o TCC, hoje. A apresentação estava marcada para o dia 13 de fevereiro. Foi quando registrava imagens para a pesquisa que ela foi baleada e morta, na Rua do Pescador, no bairro Arquipélago, na Ilha das Flores. O crime ocorreu na noite de terça-feira
O coordenador geral do Diretório Central Estudantil (DCE) da Ufrgs, Everaldo de Oliveira, relata que o estudo que Sarah estava prestes a concluir tinha a Ilha das Flores como foco. O objetivo era pesquisar maneiras de aprimorar a infraestrutura da localidade e das casas, atingidas regularmente por enchentes.
“Ela podia ter apenas tirado as fotos e ido embora, mas quis conversar com os moradores, pois queria saber se eles estavam bem após o temporal. Ela queria melhorar a vida daquelas pessoas. Foi alguém que dedicou a vida inteira para mudar o sistema”, disse.
O colega destaca também que Sarah priorizava atuar junto à população vulnerável, em regiões carentes do Poder Público. “O governo e o Estado estão ausentes das periferias. Então surgem outras forças, que se organizam, e a gente acaba em meio a uma guerra. O que aconteceu com ela acontece diariamente com jovens negros e periféricos.”
Além de Sarah, também foi morto Valdir dos Santos Pereira, de 53 anos. A suspeita é que ele seria o alvo do atentado. As vítimas não se conheciam.
Vizinhos relatam que os disparos foram efetuados por dois homens, às 19h24min, na Rua do Pescador, onde Valdir tinha um mercado. Ele foi executado dentro do comércio. Antes disso, Sarah foi baleada e morta em frente ao estabelecimento.
Câmeras de monitoramento atestam que o ataque foi cometido em 20 segundos. Foram disparados pelo menos 18 tiros de pistola calibre nove milímetros, de uso restrito. Os criminosos fugiram em uma moto. Até o momento, ninguém foi preso.
A acadêmica não tinha antecedentes criminais. A suspeita é que ela tenha sido morta simplesmente por estar no local do atentado.
Em um primeiro momento, a investigação aponta que o alvo dos criminosos seria o dono do mercado. Valdir acumulava passagens por ameaça, apropriação indébita, crimes contra a fauna e porte ilegal de arma de fogo. A esposa dele, no entanto, afirma que ele não tinha desavenças e também não era envolvido com facções.
Em nota, a Polícia Civil reforçou que está empenhada em investigar o caso. A corporação evitou dar mais detalhes, para não atrapalhar as medidas que serão tomadas em breve com a reunião de provas.
VÍDEO | Faixa colocada no prédio da Faculdade de arquitetura da UFRGS, em homenagem à estudante Sarah Silva Domingues, morta por engano ontem (24) em Porto Alegre.
— Correio do Povo (@correio_dopovo) January 25, 2024
📹 Maria Eduarda Fortes pic.twitter.com/um7yDelR8v