"Braço direito" de Leite é destaque na montagem do time no novo governo

"Braço direito" de Leite é destaque na montagem do time no novo governo

Artur Lemos Júnior ganhou a confiança do governador reeleito ao longo dos últimos anos

Felipe Nabinger

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No futebol, na transição de uma temporada para outra, a figura do diretor executivo ganha destaque dentro dos clubes. Isso por que essa figura é a responsável pela prospecção do mercado, contatos com empresários e contratação de jogadores para formar um time capaz de almejar títulos. Já na transição do governo de Ranolfo Vieira Júnior para o de Eduardo Leite, o “diretor executivo”, responsável por auxiliar na montagem do time de governo, será o secretário que segue chefiando a Casa Civil, Artur Lemos Júnior. “A analogia tem um fundamento. Claro que a decisão cabe ao governador, mas ele precisa ter um interlocutor para dialogar com partidos e que busque a estruturação de algo complexo, que é o perfil mais adequado e a estruturação disso tudo”, afirma Lemos, apontado pelo próprio Leite seu “braço direito”, em entrevista ao podcast Matriz, do Correio do Povo. Essa interlocução também é feita entre os poderes, principalmente junto à Assembleia Legislativa.

Seu nome foi o primeiro a ser confirmado no próximo secretariado, mas não será a única cara conhecida na equipe. “Em time que está ganhando, normalmente não se mexe. Esse é o jargão. Porém, a gente acredita que a expectativa da sociedade é de evolução desse governo”, diz. No time, vitorioso na visão governista, em torno de 30% dos secretários que seguiu com Ranolfo após a renúncia de Leite deve permanecer na nova gestão. “É importante, naquilo que se acertou, continuar acertando, mas naquilo que não se acertou, se corrija os rumos e que vença”, completa.

Mas se no futebol existe a pré-temporada, período de treinamentos para entrosar a equipe e potencializar valências dos jogadores, na política o tempo é curto. Lemos diz que ele e os demais secretários que permanecerem serão “os mesmos de dezembro”. “Teremos que fazer diferente, em um curto espaço de tempo, e sem ter tido a oportunidade de buscar novas experiências”, explica. Mesmo assim, o secretário, que também coordena o processo de transição, ressalta a necessidade de uma “reciclagem” dos remanescentes pois acredita que a expectativa da população será maior sobre um governo reeleito que sobre uma nova gestão. Eduardo Leite foi o primeiro a ser eleito em dois pleitos consecutivos desde a redemocratização, fato histórico na política gaúcha.

Área elencada como foco da próxima gestão, a educação deverá receber atenção especial, não só nas questões pedagógicas e programáticas, mas na infraestrutura das escolas, questão em que o primeiro governo Leite foi muito criticado devido à má condição que, em alguns casos, acarretou no fechamento de unidades estaduais de ensino. Raquel Teixeira, que assumiu a secretaria de Educação em abril de 2021, é cotada para seguir no governo. “Não há definição quanto a isso. Não estamos discutindo nomes, mas a estrutura (de governo)”, respondeu Lemos ao ser questionado sobre a possibilidade.

Reforma será apresentada

Nesta segunda-feira, no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), em Porto Alegre, o governo apresenta o projeto de reforma administrativa, que visa reduzir a quantidade de cargos, revisar e padronizar funções gratificadas, além de alterar a quantidade de secretarias. Na terça-feira, o atual governador Ranolfo fará a entrega das propostas ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira (PT). Somente a partir disso novos secretários serão anunciados.

Confiança de Leite

Artur Lemos Júnior estreitou laços com Eduardo Leite na campanha de 2018, quando coordenou o plano de governo tucano. Ele considera o documento inovador, por ter sido concebido com mais fluidez para comunicar com a comunidade. “A conexão maior inicia em 2018. Participei ativamente da campanha e a partir dali houve a aproximação. Os opostos não se atraem, são os semelhantes que se atraem”, entende.

No primeiro governo, ocupou a secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura, sendo um dos agentes para a fusão dos temas em uma única pasta. Após a saída de Otomar Vivian (PP), assumiu a Casa Civil nos primeiros meses de 2021. “Tento ouvir e construir ao máximo. Acredito que isso possa ter cativado e dado a compreensão que poderia enfrentar esse desafio”, analisa.

Trajetória na política

Após flertar com a vida pública no final da década de 1990, Lemos considera o ano de 2005 sua entrada efetiva na política. Sobrinho da ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD), ele diz que não houve influência familiar. “Quem entrou primeiro na política partidária fui eu. Não consegui convencê-la a entrar no PSDB”, explica. O ex-senador Octávio Omar Cardoso, falecido esposo de Ana Amélia, integrou a Arena e partidos que originaram o atual PP, sigla pela qual a jornalista ingressou na política em 2010, cinco anos após o sobrinho.

Antes de virar um dos homens fortes do governo Leite, Artur Lemos foi diretor administrativo e presidente da Fundação Zoobotânica, entre 2006 e 2011. Em 2014, esteve na coordenação da CPI da Energia Elétrica na Assembleia Legislativa e, no ano seguinte, ingressou no governo de José Ivo Sartori (MDB), como secretário adjunto na secretaria de Minas e Energia no período em que a pasta esteve no comando de Lucas Redecker (PSDB). De 2017 a abril de 2018 foi titular da mesma secretaria. 


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