Câmara de Porto Alegre deve votar pautas polêmicas no segundo semestre

Câmara de Porto Alegre deve votar pautas polêmicas no segundo semestre

Mesmo com aprovação integral, governo Melo não avançou neste início de ano em propostas prioritárias

Rafael Renkovski*

Plenário da Câmara de Porto Alegre deverá ser placo de intensas discussões

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A Câmara de Porto Alegre deverá encarar no segundo semestre deste ano pautas relevantes do governo municipal, como a extinção da licença-prêmio dos servidores, a concessão parcial do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e o plano diretor. Alguns temas deveriam ter avançado no primeiro semestre, mas acabaram segurados.

Esse movimento ocorreu em parte por incerteza nas aprovações ou para o amadurecimento dos projetos, segundo os articuladores do Executivo.

Mesmo assim, nenhuma das 29 proposições enviadas pela prefeitura e votadas neste primeiro semestre do ano foram rejeitadas, realçando a sólida base na Casa, apesar de divergências, mesmo entre seus próprios membros.

Em contrapartida, o plenário ficou marcado por discussões sobre moções de apoio ou repúdio e as criações de frentes parlamentares. Nos últimos meses, porém, se moldou um ambiente de denúncias de problemas na cidade, com as supostas irregularidades em compras e distribuições da Secretaria Municipal de Educação (Smed).

O assunto ocupou espaço central nos debates com a constituição de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que versam sobre o tema. Além disso, discussões ideológicas inflamadas consumiram diversos momentos e alastraram debates que poderiam ter dado espaço para a sequência das priorizações diárias.

Mesmo após mais de três anos do início da pandemia de Covid-19, segue arbitrária a participação física dos vereadores nas sessões, que podem optar pela presença remota.

Criticando o modelo híbrido, o presidente do Legislativo, vereador Hamilton Sossmeier (PTB), afirmou recentemente que “têm vereadores que não aparecem” no plenário. Alguns parlamentares, porém, seguem apoiando o atual formato das sessões. O assunto deverá retornar à discussão após o recesso parlamentar, que segue até o início de agosto. 

Oposição considera vitória ‘não votação’ 

Entre projetos de lei complementar, de lei do Legislativo, de resolução e requerimentos, 169 proposições de autoria dos vereadores foram aprovadas neste primeiro semestre. A vereadora Comandante Nádia (PP) foi a com o maior número de aprovações de sua autoria ou em conjunta elaboração com outros vereadores: 20. Em segundo na lista, José Freitas (Republicanos) teve 14 proposições aprovadas, seguido de Aldacir Oliboni (PT) e Claudio Janta (Solidariedade), ambos com 12 cada.

Trinta moções de apoio ou de repúdio foram aprovadas e 14 frentes parlamentares foram constituídas. 

Por parte das siglas de oposição ao governo municipal, 51 projetos foram aprovados neste período, o que significa 30% do total. Destes, 27 são requerimentos e 21 são projetos de lei, sendo 8 homenagens. Crítico, o líder da oposição, Roberto Robaina (PSol), diz que “a pauta da Câmara mostra que o governo não tem grandes iniciativas de mudanças e melhorias” e que, quando se trata de serviço público, “a linha é privatizar e terceirizar”.

Avaliando como uma das vitórias da oposição ter impedido, até então, a votação do projeto que extingue o benefício da licença-prêmio aos servidores municipais, Robaina avaliou que “a Câmara continua muito dominada por uma linha a favor do governo”. Entre os projetos aprovados, destacou o que institui a política municipal para a população migrante, de sua autoria, já sancionado pelo prefeito Sebastião Melo (MDB).

Para o próximo semestre, diz que a bancada seguirá “tentando defender a valorização do serviço público e fiscalizando o Executivo”. Uma dessas maneiras será pela instalação das CPIs da educação, para o início de agosto.

*Supervisão de Mauren Xavier


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