3º bloco: clima esquenta entre candidatos à prefeitura de Porto Alegre

3º bloco: clima esquenta entre candidatos à prefeitura de Porto Alegre

Postulantes ao Paço Municipal partem para críticas diretas em debate do Correio do Povo e Rádio Guaíba na Amrigs

Henrique Massaro

Candidatos debateram no Teatro da Amrigs

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O clima esquentou no terceiro dos quatro blocos do debate promovido pelo Correio do Povo e pela Rádio Guaíba com os candidatos à prefeitura de Porto Alegre no Teatro da Amrigs. Após dois blocos mais tranquilos, a tensão aumentou quando a lógica se inverteu e os postulantes escolheram quem lhes fazia perguntas, ainda com direito a réplica e tréplica.

Um dos momentos de discussões mais acaloradas foi quando Gustavo Paim (PP) escolheu ser questionado por Nelson Marchezan Júnior (PSDB). Os atuais prefeito e vice-prefeito estão rompidos há mais de um ano, o que já virou, inclusive, questão de Justiça, anulando decretos de Marchezan restringindo funções do gabinete de Paim. Após a pergunta do tucano, sobre a perspectiva de futuro para as finanças da prefeitura, o progressista reconheceu que houve controle das despesas, mas afirmou que houve instabilidade na administração municipal, resultando em 59 trocas de secretários e adjuntos ao longo de 46 meses de governo.

O atual prefeito afirmou que respeitou o interesse de titulares que quiseram sair e que não permitiu que pessoas suspeitas de desvio de dinheiro público entrassem no governo, mas também disparou contra o vice-prefeito. “Desliguei alguns secretários, alguns por incompetência. Tu foste um deles, Paim. Tu não eras bom na Secretaria de Relações Institucionais, tive que te desligar e aprovei todas as reformas.”

O candidato do PP rebateu, chamando Marchezan de incompetente. “O prefeito de Porto Alegre não sabe liderar, é autocrático, não dialoga, não constrói e isso quem paga é a cidade.” Depois disso, quando perguntava para outro candidato, ainda acrescentou que em maio foi pressionado para assinar contratos de R$ 20 milhões em publicidade. “Queria me sacanear ou realmente achava aquilo legal?”, indagou.

Outro momento mais acirrado foi quando João Derly (Republicanos) foi questionado por Rodrigo Maroni (Pros) sobre ter sido processado por Manuela D’Ávila após ter dito que a candidata tinha um slogan de campanha parecido com o seu. O da representante do PCdoB é “Agora é Manuela”, enquanto que o de Derly é “Porto Alegre é agora”. “Fiz essa comparação demonstrando que seja um projeto pessoal da própria candidata e o nosso é um processo de cidade.” Ao final do bloco, Manuela teve concedido o direito de resposta. Afirmou que entrou na Justiça contra Derly por entender que havia cometido crime eleitoral. Ainda se referiu a Maroni como “o outro candidato” e “candidato fake”, dizendo que realizou denúncia criminal contra ele.

O restante do bloco foi menos polêmico. Sebastião Melo (MDB) afirmou que o futuro gestor da Capital precisará repactuar a licitação do transporte coletivo e que sentará com vereadores para rever algumas isenções, como para pessoas acima de 65 anos que não tenham necessidade de deixar de pagar pela passagem. Também falou que considera equivocado que governos cobrem impostos sobre o que incide sobre o transporte. Questionado sobre a privatização da Carris, disse que tem uma posição clara, já que ela detém 22% do sistema. “Se for necessário para repactuar o sistema ter uma passagem mais barata e atender o cidadão, não tenho nenhuma dúvida em privatizar a Carris.”

Juliana Brizola (PDT) foi questionada sobre Segurança Pública e disse que tem um projeto de parceria com a iniciativa privada para aumentar o número de câmeras de vigilância. Segundo ela, a prefeitura conta atualmente com dois mil equipamentos de monitoramento, enquanto que bancos e empresas em geral somam mais de seis mil. “Aqueles privados que quiserem fazer uma parceria com a prefeitura vamos estudar dar uma redução no IPTU para que possa aumentar o monitoramento da cidade.”

Nelson Marchezan Júnior (PSDB) falou sobre o incentivo ao empreendedorismo. Citou que implementou o licenciamento digital para 200 serviços, incluindo o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), além do licenciamento automático para pequenas obras que necessitavam de uma espera maior e do licenciamento expresso para reformas robustas. “Já conseguimos pros próximos 12 meses R$ 6,3 bilhões e 110 mil empregos gerados diretos e indiretos.” O atual prefeito ainda citou o que considera atrativos icônicos para a Capital, como a concessão do parque e da roda gigante da Orla, e a Parceria Público-Privada de iluminação pública,

Manuela D´Ávila (PCdoB), por sua vez, foi perguntada sobre a importância de buscar investimentos para a cidade e disse que é necessário que se capte recursos de dentro e de fora do país, assim como através do orçamento estadual e da União. De acordo com ela, a Capital tem capacidade de buscar estes financiamentos e criticou a quantidade de obras que horam iniciadas há anos e ainda estão inacabadas, interrompendo a vida da população. “Quero ser prefeita durante quatro anos, todos os dias, para garantir que isso não aconteça.”

Valter Nagelstein (PSD) falou sobre questões como o problema das pessoas em situação e rua e a necessidade de desburocratizar a cidade para os empreendedores, citando que tem experiência no assunto por ter sido secretário municipal. Mencionou ainda a necessidade de abrir o comércio por completo e finalizar as obras da Copa do Mundo de 2014. “Temos que cuidar da cidade que está abandonada e destruída.” O candidato ainda falou que a gestão municipal não é obra de uma só pessoa, mas que precisa de liderança.

José Fortunati (PTB), ainda que de forma mais comedida que Paim, também criticou Marchezan por falta de liderança e diálogo com a sociedade e com a Câmara de Vereadores. Citou, inclusive, que seu patrimônio pessoal é menor do que o do atual prefeito. O ex-prefeito da Capital citou a busca de financiamentos durante sua gestão que possibilitaram o início de obras viárias e afirmou ter experiência. “Tenho tranquilidade de ter agido da forma mais correta possível.”

Rodrigo Maroni (Pros) que durante a maior parte de seu tempo fez críticas diretas a Manuela D’Ávila, foi questionado sobre a situação do desemprego na Capital e respondeu criticando os candidatos como um todo. “Esse discurso de que vamos resolver todos os problemas é bonitinho, é fofo, mas não serve para nada.” O candidato disse que tem sido considerado o “louco” deste pleito por falar o óbvio e comentou que as soluções para a crise estão nas comunidades.

Fernanda Melchionna (PSol) citou ao longo do bloco a necessidade de trazer os vendedores ambulantes para a regularidade e que tem um projeto para limpar o nome dos porto-alegrenses. A candidata ainda disse que pretende ofertar microcrédito para os pequenos e microempreendedores , além de cobrar dívidas milionárias que bancos, empreiteiras e proprietários de imóveis de luxo têm com a Capital. “Quero falar grande com os grandes devedores.”


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