Campanha de Melo tentará resgatar “a Porto Alegre de antes da enchente”
Prefeito aposta em ampla nominata de candidatos aliados a vereador para defender atual gestão da cidade
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Ser o atual chefe do Executivo é o ponto forte e o ponto fraco da campanha do prefeito Sebastião Melo à reeleição na Capital gaúcha. O candidato do MDB conta com uma ampla coligação em que aliados estão incumbidos de defender o projeto de governo em suas bases eleitorais. Internamente, a candidatura busca reviver uma Porto Alegre de outrora para apontar avanços e desvincular das enchentes a imagem do emedebista.
A campanha de Melo sabe que as cheias irão pautar as eleições e que seus adversários devem maximizar possíveis aspectos negativos da gestão. O prefeito teve um mandato recheado de desafios, iniciando durante a pandemia da Covid-19, passando pelo incêndio na Pousada Garoa, que vitimou 11 pessoas, por escândalos na Secretaria da Educação (Smed) e tendo uma enchente histórica no último ano.
É na imagem de um gestor resiliente, preparado e experiente que deve se centralizar o tom da campanha. Melo aposta novamente no seu conhecimento da cidade e de seus problemas para ter a chance de governar a Capital por mais um mandato.
“Vamos buscar como estratégia resgatar e mostrar a Porto Alegre de antes da enchente. Vinha sendo feito um trabalho com altos índices de aprovação, pelo menos era o que sentíamos nas ruas”, disse André Coronel, coordenador de campanha e até há pouco chefe de gabinete de Melo.
“O prefeito vai continuar fazendo essa presença constante nas comunidades, como sempre foi. Sobretudo, vamos fazer uma agenda propositiva”, continuou.
Com oito partidos, a coligação de Melo é a maior na disputa. A aliança é farta de candidatos a vereadores que receberam a missão de defender o governo em suas bases eleitorais, bairros, comunidades, associações de moradores e grupos. Ao todo, 284 concorrem a uma cadeira na Câmara Municipal por MDB, PL, PP, PSD, PRD, Solidariedade, Podemos e Republicanos.
“Vamos ter um leque muito amplo de candidatos a vereadores. São lideranças que vão reproduzir essa estratégia que estamos colocando, do que a gestão entregou até agora e o que pode entregar no futuro. Cada um, na sua comunidade, falando sobre nossos projetos, propostas e discutindo com a comunidade também”, afirmou André Coronel.
O discurso de Melo deve ser propositivo, endossando seu conhecimento sobre a prefeitura que dirige. Não deve polarizar em debate com candidatas de centro à esquerda e não deve ter o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL da vice Betina Worm, como cabo eleitoral. Com o Partido Liberal, busca-se uma imagem de estabilidade, mantendo a aliança vitoriosa da eleição de 2020, então com Ricardo Gomes, hoje sem partido.
A principal dificuldade da campanha será rebater as críticas relacionadas às enchentes. Se há uma vantagem em ser gestão, por conhecer os processos da prefeitura e poder mais facilmente apontar soluções, também há desvantagens. Os demais candidatos precisarão se diferenciar de Melo de forma ou de outra e o prefeito deve ser o principal alvo dos debates.
Outro empecilho é o tempo: Melo precisará conciliar a campanha com a gestão de uma cidade que se recupera da maior enchente da sua história. Ser prefeito hoje e buscar a reeleição para ser prefeito amanhã será outro desafio da campanha. À noite, em horários de almoço e nos finais de semana, o foco deve ser agendas externas. Em horário comercial, atuará como prefeito.