Eleições

Corpo a corpo se intensifica nas duas últimas semanas de campanha em Porto Alegre

Em busca dos votos de indecisos, candidatos reforçarão atividades nas ruas e desempenho nos debates

Melo, Rosário, Juliana e Camozzato passaram o final de semana em contato direto com eleitor
Melo, Rosário, Juliana e Camozzato passaram o final de semana em contato direto com eleitor Foto : César Lopes/Alegria González/Guilherme Rosa/Fabiano Byas/Divulgaçã/CP

Por Diego Nuñez e Flávia Simões

A campanha eleitoral entra em sua última quinzena antes do primeiro turno de votação, que será realizado em 6 de outubro, e os candidatos a prefeito de Porto Alegre preparam suas últimas cartadas por uma vaga na final. As estratégias não fogem muito da regra de explorar ainda mais o corpo a corpo para se aproximar e conquistar o eleitor, mas cada campanha tem sua carta na manga. Esta semana, no entanto, será atípica – em uma eleição que demorou para engrenar –, com cinco debates (segunda, terça, quarta e quinta-feira), o que dificulta a ampliação da agenda “olho no olho”, mas permite maior alcance entre os eleitores e rende vídeo para as redes sociais.

Melo vai manter o tom

Respaldado pelas pesquisas de intenção de voto, a candidatura de Sebastião Melo (MDB) à reeleição tende a manter o tom na última quinzena de campanha. Porém, mesmo concorrendo em um cenário em que dificilmente ficará de fora do segundo turno, o prefeito não pretende baixar a guarda. “Se pesquisa ganhasse eleição, eu não era prefeito atual. A gente faz pesquisa da gente, que a gente contrata e serve para balizar nossa campanha”, disse ele.

A avaliação interna é a de que a candidatura acertou a mão na campanha. Por isso, o ideal é manter o que está sendo feito. Esta semana será intensa com uma maratona de debates, e a principal missão de Melo é se defender de ataques e evitar erros. Algoz das demais candidaturas, um passo em falso lhe custaria mais do que a seus adversários.

“Nossa batida vai ser a mesma: apresentar propostas, o que fizemos, o que estamos fazendo e refutar mentiras. Da nossa parte, não vamos rebaixar o debate.”

O coordenador de campanha André Coronel diz que a aposta na última quinzena é intensificar o corpo a corpo: “a estratégia é aumentar a participação nas ruas e fazer uma presença maior nas comunidades. Passa muito pelo corpo a corpo junto aos candidatos a vereadores e à militância”. Por isso, aumenta a possibilidade de uma possível licença do cargo de prefeito para dedicar-se exclusivamente à campanha. Coronel afirma que a possibilidade ainda está sendo avaliada e deixa um indicativo.

“O prefeito está se desdobrando e conta com o secretariado e com o (vice) Ricardo (Gomes). A decisão sobre afastamento por alguns dias ainda está sendo pensada”, afirmou.

Rosário vai com o bloco para rua

Se a campanha da candidata do PT, a deputada federal Maria do Rosário, já havia priorizado, desde o início, a campanha de rua, agora, duas semanas antes do primeiro turno de votação, a estratégia é ampliar a militância nas ruas. Além de Maria do Rosário aumentar a mobilização e o corpo a corpo nas comunidades, o “time” da candidata vai se espalhar pela cidade. Nomes importantes da coligação, como Manuela D'Avila (PCdoB) e Edegar Pretto (PT), o deputado estadual Matheus Gomes (PSol) e o federal Paulo Pimenta (PT) já começaram os mutirões pela Capital neste feriado e devem continuar ao longo dos próximos dias.

“(O foco é de) muito contato direto com a população. Eu e a Tamyres vamos estar em cada bairro da cidade, lideranças políticas e lideranças comunitárias também estarão nessa caminhada. E esse contato vai com o nosso programa de creche, saúde, ônibus melhor e uma cidade com desenvolvimento e oportunidades e nunca mais cheias”, afirmou a candidata.

Como esta semana também terá uma agenda intensa de debates, para essa atividade específica, o foco é tentar apresentar de forma mais direta, para que chegue na população, as propostas da candidatura, além de mostrar o “descaso e incompetência” com a cidade, explicou Cícero Balestro, coordenador político da campanha.

Nos bastidores, a coordenação de campanha está confiante em uma “virada” nos últimos dias, ante um “potencial de esquerda”, explicou Cícero, relembrando que Edegar Pretto, na disputa ao governo do Estado em 2022, apesar de mal chegar aos 15% nas pesquisas de intenção de voto, não chegou ao segundo turno por pouco mais de 2 mil votos.

Juliana vai intensificar as frentes

A palavra chave na campanha de Juliana Brizola (PDT) nas próximas duas semanas é “intensificar”. Seja nas agendas de rua, nas redes sociais ou nos debates: todas as frentes da candidata deverão “aumentar o nível de energia e investimento”, garantiu o coordenador de comunicação na campanha pedetista, Paulo Loiola. Novos apoios também são esperados, fortalecendo o lado político, assim como o envolvimento dos candidatos à vereança.

Nos bastidores do comitê, o entendimento, principalmente após os resultados de pesquisas de opinião, é o de que a campanha vem acertando, por isso a necessidade de continuar nesse mesmo tom. Só que, agora, com ainda mais vigor.

“Nossa estratégia está dando certo, e ela é muito verdadeira e muito transparente. É andar na rua, é olho no olho, conversar com as pessoas, escutar as pessoas, trazer soluções para as pessoas de uma forma evidente que ela vai funcionar. O que nós vamos fazer daqui para o final não é nada além daquilo que a gente já está fazendo e está dando muito certo”, afirmou Juliana.

Com cinco debates marcados para a próxima semana, a estratégia também é intensificar a mensagem da campanha por esse meio. A candidata deverá focar em apresentar suas propostas, se mostrar como alternativa para além da polarização entre Melo e Rosário, mas sem ataques pessoais, focando nos “dores da população”.

Camozzato parte para cima

Sem direito a espaço no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão, Felipe Camozzato (Novo) ainda entende que seu principal desafio é se tornar conhecido. Ele afirma ainda acreditar em um crescimento de sua candidatura na última quinzena do primeiro turno e cita casos como o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do prefeito de Joinville, Adriano Silva, políticos do Novo que se elegeram depois de disparar na reta final de campanha.

“Abrimos três frentes: o Marcel van Hattem (deputado federal) gravou conteúdos novos para redes sociais, focados em bairros onde não tivemos campanha mais forte. Teremos também campanhas de candidatos a vereadores entrando nos bairros, indo de casa em casa apresentar a candidatura”, relatou Camozzato. Outro ponto são mutirões online, estratégia usada por ele desde a campanha para vereador em 2016.

A aposta do candidato é a de que um alto nível de rejeição de Rosário, até mesmo em cenários de segundo turno, torna o eleitor antipetista menos propenso ao voto útil. “Muita gente acha que só tem os três na disputa”, lamenta. Ele busca, então, chegar ao eleitor através da participação nos debates.

“Irei seguir uma linha parecida com o último debate. Ofereci críticas aos três, polarizando com esse jogo viciado, repetindo que não adianta votar nas mesmas caras. Vou para cima, mas com qualidade argumentativa”, disse Camozzato.