Paim desiste da eleição e deixa PP sem candidato em Porto Alegre

Paim desiste da eleição e deixa PP sem candidato em Porto Alegre

Anúncio ocorreu pelas redes sociais às vésperas da convenção e após partido garantir recursos para candidatura própria

Flavia Bemfica

Gustavo Paim fez críticas a Marchezan após demissões em seu gabinete

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A poucas horas da definição do PP sobre se teria ou não candidatura própria à prefeitura em Porto Alegre, o vice-prefeito e pré-candidato do partido, Gustavo Paim, desistiu de concorrer. O anúncio foi feito pelas redes sociais no final da manhã desta sexta-feira, e após o partido ter garantido os recursos para que ele mantivesse a candidatura.

No início desta semana, Paim havia argumentado que poderia desistir, mas usando outra justificativa, a de que havia incerteza sobre a destinação, por parte do diretório nacional, dos recursos necessários do fundo eleitoral para a manutenção da candidatura própria em Porto Alegre.

No vídeo divulgado nas redes nesta manhã, contudo, Paim disse que a decisão não se devia a questões financeiras, mas sim políticas. A convenção do PP em Porto Alegre está marcada para amanhã. Com a desistência de Paim, se intensificam no PTB e no MDB os movimentos para atrair o partido para suas respectivas coligações. Por enquanto, o PTB, que ofereceu a vaga de vice e amplo espaço em uma eventual futura administração, leva vantagem.

Para além da decisão sobre quem vai acompanhar em Porto Alegre, a decisão de Paim tem impacto direto sobre seu partido, e desagrada a inúmeras lideranças partidárias, que haviam se empenhado pessoalmente para manter a candidatura em Porto Alegre. Entre elas, o senador Luis Carlos Heinze. Na manhã desta sexta, pouco antes de Paim desistir, Heinze disse que os recursos para a campanha estavam garantidos, após uma sucessão de conversas mantidas por ele e pelo presidente estadual do PP, Celso Bernardi, com o presidente nacional, senador Ciro Nogueira (PI). “Voltei a conversar com o Ciro ontem, está ok. Agora a decisão é pessoal do Paim”, resumiu.

Em Porto Alegre, um dos receios do PP é que, sem candidatura própria, a bancada na Câmara Municipal encolha ainda mais. O partido elegeu quatro vereadores em 2016, hoje tem três (o pré-candidato a vice de Melo, Ricardo Gomes, trocou o partido pelo DEM). E corre o risco de, sem encabeçar uma majoritária, ficar com apenas dois assentos. O PTB, que almeja o apoio do PP, ratifica em convenção neste sábado o ex-prefeito José Fortunati como candidato ao Paço. O MDB, que também cobiça o PP, faz o mesmo em convenção no dia 14 (segunda-feira) com o deputado estadual Sebastião Melo.

Nesta sexta, a bolsa de apostas entre as siglas indica o PP muito próximo de fechar uma aliança com o PTB. Os petebistas consideram o PP estratégico em seu objetivo de alcançar maior tempo na propaganda no rádio e na TV, de forma a que Fortunati consiga uma inserção semelhante àquelas dos demais pré-candidatos com os maiores tempos, a saber, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Melo e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB).

Se confirmada sua aliança com PSL e PL, o prefeito, que disputará a reeleição, terá assegurados cerca de dois minutos. Melo (que atraiu o DEM, o SD, o Cidadania e o DC), ficará com cerca de um minuto e meio. Manuela, que tem o PT na vaga de vice, ocupará pouco mais de um minuto. O PTB (com apoio do Podemos e do Patriota) tem, por enquanto, cerca de 50 segundos.

Mesmo cientes de que suas chances são menores, articuladores de Melo entraram em campo, também oferecendo uma ampla ocupação de espaços em uma eventual futura administração, aparando arestas decorrentes da saída de Gomes do partido, e tentando convencer as lideranças progressistas de que MDB e PP estão mais afinados ideologicamente.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895