“Passo Fundo virou porto seguro”, diz prefeito reeleito Pedro Almeida
Ao “Fala, Prefeito”, o político do PSD afirma acreditar que a ‘segurança climática’ será cada vez mais determinante para a atração de investimentos no RS

publicidade
*Por Diego Nuñez e Flávia Simões
Pedro Almeida (PSD) foi reeleito prefeito de Passo Fundo em “grande momento econômico”. Nesta entrevista, que abre a série especial do Correio do Povo com prefeitos eleitos no Rio Grande do Sul em 2024, o gestor analisa a conjuntura atual e projeta um novo momento, no qual as mudanças climáticas passam a ser um dos fatores determinantes para a atração de investimentos nos municípios. Seu partido foi o que mais conquistou prefeituras neste ano.
A entrevista completa pode ser acessada no canal do Correio do Povo no Youtube ou através das principais plataformas de podcast.
A seguir, os principais trechos.
Quais são os principais desafios para Passo Fundo?
Passo Fundo vem em grande momento econômico. Como todas as cidades de médio porte, temos desafios considerados mais urgentes: mobilidade urbana e saúde. Passo Fundo tem por característica ser a capital da Região Norte. Em um raio de 100 quilômetros, tem a maior economia, população e concentra as principais atividades econômicas. É polo em saúde, educação, o que nos dá mais responsabilidades. Passo Fundo, junto com a região Norte, assumiu o segundo lugar em PIB entre as regiões do RS, atrás da região de Porto Alegre e passando à frente da de Caxias do Sul. A região tem diferentes matrizes: agricultura, saúde muito forte, a área da construção civil. Nosso desafio é ser cada vez mais eficiente em serviços ao cidadão e acompanhar a velocidade da iniciativa privada, que exige do poder público mais agilidade, desburocratização, processos mais claros.
O município tem recebido mais investimentos?
Temos um grande player da indústria verde, a Be8 (maior empresa brasileira produtora de biodiesel), que anunciou uma nova planta. É um dos maiores investimentos do Brasil para os próximos anos. Em dois anos, teremos uma fábrica que produzirá etanol, com investimentos de mais de R$ 1 bilhão, 800 empregos diretos, mais de 1,5 mil indiretos. Tudo isso movimenta a economia. Tirando Porto Alegre, somos hoje a primeira cidade em geração de empregos, pelo segundo ano consecutivo. É um indicador de que estamos em outra batida em relação a outros municípios. Se deve também a não termos sofrido tanto com o período de chuvas como outros municípios. Considero que isso também acabou atraindo novos investimentos. Passo Fundo virou uma espécie de porto seguro do ponto de vista climático.
A ‘segurança climática’ passa a ser mais determinante para atração de investimentos?
Sim. Um fator determinante para qualquer empresário hoje, um problema mundial, é a mão-de-obra de qualidade. Existe uma deficiência muito grande hoje em relação à oportunidade de emprego, de vagas, e a dificuldade de se preenchê-las com as pessoas qualificadas para isso. Se olha a região que tem mais possibilidade de material humano. As enchentes e os eventos climáticos nos trouxeram outra realidade. Conheço empresários que estão procurando Passo Fundo dizendo “não quero mais correr o risco do que já aconteceu comigo”. Infelizmente, é uma tragédia. Mas realmente existe uma migração, especialmente para a nossa região Norte, Passo Fundo e arredores, em relação à segurança também do ponto de vista climático. Uma questão puramente geográfica: somos mais altos. A prevenção deve ser observada por qualquer município hoje.
Saúde foi um dos principais temas da campanha. O que se pode fazer na área?
Tenho uma secretária de Saúde rigorosamente escolhida pelo caráter técnico, durante o período da pandemia. É especialista em infectologia, com 30 anos de experiência e ajudou muito no processo da vacinação. Passo Fundo é polo em saúde. Na região Norte, tudo acaba lá. Recuperamos o Hospital Municipal, que estava sucateado. Ficou três anos com o alvará vencido. Hoje, já fez mais de 150 mil atendimentos e tem média de 277 atendimentos na emergência por dia. Em 2022, nossa rede de saúde, que são 54 unidades, atendeu em torno de 230 mil pacientes. Em 2023, passou de 500 mil. Nós dobramos o atendimento com as mesmas unidades. No pós-pandemia, houve uma retração muito grande. As outras especialidades, outras doenças parecem que deixaram de existir. As críticas são bem-vindas, mas elas têm que observar sempre os indicadores e a realidade.
Prefeitos têm pedido uma revisão da tabela do SUS. Como vê esse movimento?
Realmente, as remunerações são baixas. Especialmente os procedimentos. O que o médico ganha para fazer uma cirurgia pelo SUS é algo muito defasado. Existe um sistema todo do SUS no Brasil que precisa ser revisto. Temos, por exemplo, o IPE completamente desestruturado, quebrado, não consegue mais dar conta dos seus entes. Tem que existir essa discussão.
O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no país. Houve orientação da direção nacional aos candidatos?
Nosso presidente (Gilberto) Kassab, uma figura super conhecida e respeitada, já dizia que seria uma grande eleição para o PSD. O momento do país levou a essa condição de ter projetos do PSD com mais visibilidade. Pela postura do partido, mais de centro, que não entra em extremismos. Essa polarização é uma briga desnecessária. O debate tem que ser de ideias, mais do que ataques ao adversário. O PSD entende que precisamos trabalhar a política de outra forma. Em Passo Fundo são 21 vereadores, temos 14 na base, e o partido elegeu cinco.
O PSD tem conversado com o governador Eduardo Leite. Como é a relação com ele?
Na campanha a governador em 2022, houve um convite do Kassab para o Eduardo Leite, que não se concretizou. Temos uma relação muito próxima. Passo Fundo é grata pelos investimentos que o governo do Estado fez. Foi fundamental a participação do Leite quando o deputado Luciano (Azevedo, PSD) assumiu a cadeira na Câmara dos Deputados. Temos uma relação muito amigável. Tenho certeza que o governador vai olhar para Passo Fundo, juntamente com o nosso ex-deputado Mateus Wesp (PSDB), que tem sido um assessor importante e ajudado.
Na pré-campanha, havia possibilidade de Mateus Wesp ser seu vice, inclusive.
Chegou a ter essa indicação do partido. É natural. Todos os partidos têm os seus quadros, mas nós compomos com o MDB, do meu vice Coronel Ciolin. Estou satisfeito, a segurança pública é uma área que precisamos avançar.