Reforma administrativa prometida por Melo não começará na transição
Prefeito eleito não vê tempo hábil para encaminhar mudanças na Câmara de Porto Alegre
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A reforma administrativa prometida por Sebastião Melo (MDB) em seu discurso da vitória após o segundo turno, no último domingo, não sairá no período de transição do governo municipal. Na tarde desta segunda-feira, depois de se reunir com o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o prefeito eleito afirmou que não haverá tempo hábil para encaminhar as mudanças à Câmara de Vereadores, que entra em recesso no próximo dia 20.
Apesar disso, o emedebista deu indicativos de que, neste retorno o retorno do MDB ao Paço Municipal, não vai representar um aumento de secretarias, mantendo parte da política implementada por Marchezan, que, na transição de 2016 para 2017, enxugou o número de pastas em cerca de 50%. “Não vamos aumentar a máquina pública, vamos manter uma máquina enxuta”, garantiu Melo, mantendo o posicionamento mais alinhado à política liberal que marcou a campanha da chapa formada com Ricardo Gomes (DEM).
Na prática, se a postura for mantida, representará uma mudança de gestão do próprio MDB. Na última vez que o partido venceu uma eleição na Capital, em 2008, com José Fogaça, foram anunciados 28 secretários. “Despesa é que nem unha, tem que ser cortada todo dia”, afirmou Melo após se reunir com o atual prefeito para tratar do processo de transição. Segundo ele, Marchezan passou sugestões sobre o que considera positivo e negativo da atual estrutura.
Assim como fez em seu discurso da vitória, o prefeito eleito se negou a falar sobre composição de governo. Apesar do grande número de aliados entre os dois turnos da eleição, Melo assegurou que ainda não tem nenhum nome definido para o secretariado. “Não tem nenhum secretário escolhido, não existe essa possibilidade nos próximos dias”, afirmou o emedebista.
Da conversa com Marchezan, que durou pouco mais de uma hora, Melo relatou que a prioridade foi o tema Covid-19, além de questões como a manutenção de parcerias na área da Saúde, das creches e dos convênios envolvendo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC). “Tudo isso, na transição, estará garantido para que se dê continuidade a essas questões que são muito importantes para a vida da cidade”, destacou.
Sobre os decretos para combater a pandemia, o prefeito eleito disse que só poderá ter uma posição depois de diversas reuniões dentro deste processo de transição. Ressaltou que considera o Sistema Único de Saúde (SUS) de Porto Alegre o melhor do país e novamente se disse confiante quanto à garantia da vacina através do governo federal. A imunização, aliás, deve ser um dos temas que Melo tratará com o presidente Jair Bolsonaro amanhã, quando ele pretende ir à Brasília. Também tentará a manutenção de recursos do governo federal na Capital e falará sobre questões como obras que dependem de recursos da Caixa, como a da avenida Severo Dullius.
Na capital federal, deve também aproveitar para visitar o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que lhe apoiou, e lideranças emedebistas como o deputado Baleia Rossi. Antes disso, no entanto, o prefeito eleito se reunirá com o governador Eduardo Leite hoje, às 11h30min. Com o chefe do Executivo estadual, o principal tema também será o coronavírus. O vice-prefeito eleito, Ricardo Goems, acompanhará o encontro.
No Paço Municipal, Melo disse que fez questão que sua primeira reunião depois de eleito fosse com o atual prefeito. Os aumentos previstos para o IPTU, uma das principais divergências entre os dois, não serão cancelados por enquanto. “IPTU é assunto para 2021”, afirmou o emedebista. De acordo com Marchezan, o processo de transição se dará da forma mais transparente possível, através de seminários que serão realizados para detalhar as atividades de cada secretaria e situando os representantes do novo governo sobre os projetos e pautas em andamento. O tucano também lembrou que a estrutura da Secretaria de Parcerias Estratégicas foi esvaziada para que a equipe do prefeito eleito possa começar a se organizar.