Reforma administrativa prometida por Melo não começará na transição

Reforma administrativa prometida por Melo não começará na transição

Prefeito eleito não vê tempo hábil para encaminhar mudanças na Câmara de Porto Alegre

Henrique Massaro

Melo se encontrou com Marchezan nesta segunda-feira

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A reforma administrativa prometida por Sebastião Melo (MDB) em seu discurso da vitória após o segundo turno, no último domingo, não sairá no período de transição do governo municipal. Na tarde desta segunda-feira, depois de se reunir com o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o prefeito eleito afirmou que não haverá tempo hábil para encaminhar as mudanças à Câmara de Vereadores, que entra em recesso no próximo dia 20.

Apesar disso, o emedebista deu indicativos de que, neste retorno o retorno do MDB ao Paço Municipal, não vai representar um aumento de secretarias, mantendo parte da política implementada por Marchezan, que, na transição de 2016 para 2017, enxugou o número de pastas em cerca de 50%. “Não vamos aumentar a máquina pública, vamos manter uma máquina enxuta”, garantiu Melo,  mantendo o posicionamento mais alinhado à política liberal que marcou a campanha da chapa formada com Ricardo Gomes (DEM).

Na prática, se a postura for mantida, representará uma mudança de gestão do próprio MDB. Na última vez que o partido venceu uma eleição na Capital, em 2008, com José Fogaça, foram anunciados 28 secretários. “Despesa é que nem unha, tem que ser cortada todo dia”, afirmou Melo após se reunir com o atual prefeito para tratar do processo de transição. Segundo ele, Marchezan passou sugestões sobre o que considera positivo e negativo da atual estrutura.
Assim como fez em seu discurso da vitória, o prefeito eleito se negou a falar sobre composição de governo. Apesar do grande número de aliados entre os dois turnos da eleição, Melo assegurou que ainda não tem nenhum nome definido para o secretariado. “Não tem nenhum secretário escolhido, não existe essa possibilidade nos próximos dias”, afirmou o emedebista.

Da conversa com Marchezan, que durou pouco mais de uma hora, Melo relatou que a prioridade foi o tema Covid-19, além de questões como a manutenção de parcerias na área da Saúde, das creches e dos convênios envolvendo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC). “Tudo isso, na transição, estará garantido para que se dê continuidade a essas questões que são muito importantes para a vida da cidade”, destacou.

Sobre os decretos para combater a pandemia, o prefeito eleito disse que só poderá ter uma posição depois de diversas reuniões dentro deste processo de transição. Ressaltou que considera o Sistema Único de Saúde (SUS) de Porto Alegre o melhor do país e novamente se disse confiante quanto à garantia da vacina através do governo federal. A imunização, aliás, deve ser um dos temas que Melo tratará com o presidente Jair Bolsonaro amanhã, quando ele pretende ir à Brasília. Também tentará a manutenção de recursos do governo federal na Capital e falará sobre questões como obras que dependem de recursos da Caixa, como a da avenida Severo Dullius.

Na capital federal, deve também aproveitar para visitar o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que lhe apoiou, e lideranças emedebistas como o deputado Baleia Rossi. Antes disso, no entanto, o prefeito eleito se reunirá com o governador Eduardo Leite hoje, às 11h30min. Com o chefe do Executivo estadual, o principal tema também será o coronavírus. O vice-prefeito eleito, Ricardo Goems, acompanhará o encontro.

No Paço Municipal, Melo disse que fez questão que sua primeira reunião depois de eleito fosse com o atual prefeito. Os aumentos previstos para o IPTU, uma das principais divergências entre os dois, não serão cancelados por enquanto. “IPTU é assunto para 2021”, afirmou o emedebista. De acordo com Marchezan, o processo de transição se dará da forma mais transparente possível, através de seminários que serão realizados para detalhar as atividades de cada secretaria e situando os representantes do novo governo sobre os projetos e pautas em andamento. O tucano também lembrou que a estrutura da Secretaria de Parcerias Estratégicas foi esvaziada para que a equipe do prefeito eleito possa começar a se organizar.


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