Executiva do PRD-RS deixa comando do partido e rompe com direção nacional
Decisão ocorre em meio ao processo de federação com o Solidariedade: além de discordar do movimento, a direção gaúcha não teria sido comunicada

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PRD e Solidariedade ensaiam uma federação a nível nacional. O acordo, que pode ser concretizado ainda nesta semana, não foi negociado com os gaúchos, pelo menos no tocante ao PRD. A ausência de diálogo fez com que a executiva estadual deixasse o comando do partido no Estado, rompendo com a direção nacional.
A decisão dos gaúchos ocorreu após um encontro da executiva na sexta-feira e foi anunciado pelo presidente estadual e deputado da Assembleia Legislativa, Elizandro Sabino. De acordo com ele, a escolha por deixar o comando foi um consenso da executiva com prefeitos, vices e vereadores.
“A decisão foi tomada a partir da notícia, que ficamos sabendo pelas redes sociais, da federação com o Solidariedade. Causou estranheza o fato de sequer termos sido chamados para qualquer reunião para tratar desse tema. De forma unânime, a executiva decidiu deixar o comando do partido. Prefeitos, vices e vereadores deram acordo. É um movimento político do RS de não concordância com a federação”, afirmou Sabino.
De acordo com ele, a direção estadual não foi consultada sobre a federação e, após comunicada a decisão de deixar o comando do partido no RS, também não foi procurada pela presidência nacional. No final de maio, o carioca Marcus Vinícius, que comandava o partido no Rio de Janeiro, foi empossado como novo presidente a nível federal. Para Sabino, há uma estratégia na agremiação de focar seus esforços no centro do país.
“Entendo que é um novo direcionamento partidário. Esse silêncio já é a própria resposta da pretensão a nível nacional, de que não têm interesse neste grupo no RS, na continuidade deste grupo. Estão concentrando as forças na região central do país. O movimento que fizemos aqui coaduna com o movimento que eles estão fazendo”, analisa o deputado.
Questionado se seguirá no partido, Sabino diz que permanece na sigla apenas por questões legais – deixar a legenda poderia levá-lo a perder o mandato na Assembleia Legislativa – e deve buscar outros caminhos na janela partidária do ano que vem. “Sigo no partido por uma questão legal. A decisão é de ficar a analisar como vai ser.”
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Estruturas
Sabino é o único deputado estadual do PRD no Rio Grande do Sul. O partido não conta com deputados federais e não tem vereadores em Porto Alegre. Já o Solidariedade não conseguiu eleger deputados estaduais, nem federal, tampouco formou bancada no Legislativo da Capital.
O Solidariedade não conta com prefeituras no Estado. Já o PRD conseguiu eleger quatro prefeitos no ano passado, em Barra do Rio Azul, Pouso Novo, Rolante e Tunas.
Na Câmara dos Deputados, cada um dos partidos conta com cinco deputados federais. Uma federação levaria a uma bancada de 10 parlamentares. Nenhum dos dois conta com bancada no Senado Federal.
Ambos os partidos passaram por recentes movimentos em busca de superar a cláusula de barreira. O PRD surge em 2023 a partir da fusão do PTB com o Patriota. No mesmo ano, o Solidariedade incorporou o Pros. A federação que pode ser anunciada ainda nesta semana, mas que ainda precisará passar pelo crivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é mais um episódio da movimentação de uniões que ocorre nos partidos brasileiros.