Flávio Bolsonaro diz que assassinato de guarda petista é "ato isolado e irresponsável"

Flávio Bolsonaro diz que assassinato de guarda petista é "ato isolado e irresponsável"

Senador repudiou atentado e acusou a esquerda de ser violenta. Guarda municipal foi baleado por apoiador de Bolsonaro

R7

Apoiadores e opositores do governo criticaram decisão sobre Flávio Bolsonaro

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Um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) repudiou o assassinato do militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos. Ele foi morto nesta madrugada em sua festa de aniversário, que tinha a decoração em alusão ao PT, pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador de Bolsonaro, em Foz do Iguaçu (PR).

"Repudio o atentado contra a vida do guarda municipal de Foz do Iguaçu. Um ato isolado e irresponsável, que absolutamente nada tem a ver com as pautas que defendemos para o Brasil. Não somos assim, não precisamos de mais “Adélios” [homem que esfaqueou Bolsonaro em 2018], não podemos e não vamos nos igualar à esquerda", escreveu o senador em seu Twitter.

Ao repudiar o ato, Flávio acusou a esquerda de ser violenta, e publicou o texto junto com um vídeo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência da República, que tem sido usado por apoiadores de Bolsonaro neste domingo. No vídeo em questão Lula agradece um ex-vereador indiciado por agressão, por tê-lo defendido empurrando um empresário, em 2018. A vítima bateu a cabeça em um caminhão e chegou a ficar desacordada, com traumatismo craniano.

Após a morte de Arruda, diversas declarações de Bolsonaro foram resgatadas, como uma feita durante a campanha de 2018, no Acre. Na ocasião, ele afirmou, fazendo um gesto em referência a armas: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre, hein? Vamos botar esses picaretas para correr do Acre". O presidente se justificou neste domingo dizendo que "nem a pior, nem a mais mal utilizada força de expressão, será mais grave do que fatos concretos e recorrentes".

O crime

Líder do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda foi morto na madrugada deste domingo, em sua festa de aniversário. Ele foi baleado por Jorge Guaranho, e reagiu à agressão, atirando contra o policial penal, que está internado em estado grave, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP/PR).

O guarda municipal foi candidato a vice-prefeito da cidade pelo PT nas eleições de 2020. O boletim de ocorrência da Polícia Civil informa que, segundo relatos de testemunhas, Guaranho era desconhecido de todos na festa. Ele chegou ao local de carro, acompanhado de uma mulher e uma criança. Com uma arma em punho, gritou "Aqui é Bolsonaro" e saiu.

Conforme o relato do boletim de ocorrência, vinte minutos depois o policial penal retornou ainda armado e sozinho. A esposa do aniversariante, que é policial civil, se identificou no momento em que Marcelo Arruda também informou que era guarda civil e sacou sua arma. Foi quando Jorge Guaranho efetuou dois disparos na direção de Arruda, que mesmo atingido e caído no chão revidou os tiros.

A delegada da Polícia Civil Iane Cardoso explicou que, segundo testemunhas, o policial penal chegou à festa de Arruda ouvindo uma música que remetia ao presidente Bolsonaro. De acordo com ela, pelas imagens, é possível observar que Guaranho chegou à festa, falou alguma coisa enquanto Arruda pedia que ele fosse embora.

Guaranho saiu, mas, em seguida, retornou e falou outra coisa. Quando o policial penal se retirou, Arruda atirou pedras contra o veículo que ele conduzia, explicou a delegada. O policial penal, então, disse que iria retornar, o que o fez miniutos depois, ocasião em que disparou contra o guarda municipal.

Inicialmente, a Polícia Civil afirmou que o Guaranho havia morrido. A informação foi corrigida pela delegada, que disse em entrevista coletiva que Guaranho está vivo. "O agente penal não veio a óbito. Ele está em estado estável e foi autuado em flagrante. O delegado que estava de plantão autuou o indivíduo em flagrante delito. Ele etá custodiado pela Polícia Militar enquanto recebe auxílio médico", explicou.

A SESP-PR informou ainda que a Polícia Civil está investigando o caso, com análise de imagens de câmera de segurança e oitiva de testemunhas. "A Polícia Científica está atuando no procedimento pericial que auxiliará para que os fatos sejam esclarecidos e o inquérito policial relatado e encaminhado à Justiça."


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