Fux diz que autorização para extraditar Battisti teve "critério técnico"

Fux diz que autorização para extraditar Battisti teve "critério técnico"

Futuro ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, concorda com a decisão do STF

AE

Ministro Luis Fux quer permitir a Michel Temer extraditar ou não Battisti

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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira que a decisão de mandar prender e extraditar o ex-ativista italiano Cesare Battisti seguiu "critério técnico". De acordo com Fux, a transferência de Battisti para a Itália pode ser realizada porque "um presidente não fica impedido de extraditar um estrangeiro pelo fato de um presidente anterior não ter o mesmo ponto de vista".

Fux determinou na quinta-feira a prisão cautelar de Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro assassinatos nos anos 1970. Horas antes, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia pedido a prisão preventiva do italiano para evitar risco de fuga e assegurar a eventual extradição.

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"Para que ocorra a extradição, é necessária a prisão do extraditando, para que depois ele seja entregue ao Estado italiano por ordem do presidente da República. Fiz minha parte como Judiciário", considerou Fux nesta sexta, após receber o Colar do Mérito do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Segundo o ministro, a decisão veio a partir da análise de um pedido feita pela Presidência da República. "Decorre de um ato que ocorreu em 2017, quando o governo Temer fez um movimento para expulsar o Cesare Battisti", explicou Fux.

"Havia uma dúvida se era uma expulsão ou um ato do presidente que tinha um entendimento diverso do presidente Lula." Luiz Fux também citou que, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se negado a extraditar Battisti, o ex-ativista italiano "cometeu outros atos criminosos que foram levados em consideração pelo Ministério da Justiça".

No ano passado, ele foi detido na fronteira do Brasil com a Bolívia com mais de R$ 10 mil em dinheiro. "Instruímos o processo, seguimos o devido processo legal, demos chance à defesa e chegamos à conclusão de que o presidente Temer pode efetivamente extraditá-lo, porque tem um pensamento diferente do outro chefe do Executivo. Por essa razão, eu julguei improcedente um pedido dele de não ser extraditado", disse Fux.

Decisão sobre Battisti não é caso político, diz futuro ministro

O futuro ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, comentou, nesta sexta-feira que a decisão de prender o ex-ativista italiano Cesare Battisti não é um caso político. A determinação, tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, é um passo para a extradição do italiano.

"É o cumprimento de uma decisão policial. Isso aí a extradição é uma decisão pessoal. A minha opinião particular é de que a Justiça tendo decidido, não vejo caso político aí. Vejo o caso de um criminoso que foi julgado e foi considerado criminoso, foi responsável pelos crimes e tem que responder na Justiça. Só isso. Não vejo decisão política. Vejo decisão policial, uma decisão de Justiça, de recolher aquele que foi condenado", afirmou Santos Cruz.

Para o futuro ministro, é preciso respeitar a justiça italiana. "Eu acho o seguinte: o cidadão é italiano, cometeu crime na Itália, e a Itália é um país que reconhecidamente tem uma Justiça que funciona, condenou, e depois teve todo aquele desdobramento político aqui, houve aquela decisão do STF deixando para uma decisão presidencial. Agora a Justiça se pronunciou de novo e nós temos que seguir a Justiça", declarou.

Cesare Battisti foi condenado na Itália por quatro assassinatos nos anos 1970 e está asilado no Brasil desde 2010.

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