Justiça ordena que deputada retire post sobre denúncias de professores

Justiça ordena que deputada retire post sobre denúncias de professores

Ana Caroline, do PSL, publicou em uma rede social para alunos filmarem aulas com "manifestações político-partidárias ou ideológicas"

Thais Skodowski / R7

Justiça ordena que deputada retire post sobre denúncias de professores

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A Justiça determinou a retirada imediata das redes sociais de manifestações da deputada eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL) sobre o comportamento de professores em sala de aula. A decisão foi divulgada nesta quinta-feira.

O juiz Giuliano Ziembowicz, da Vara da Infância e da Juventude, atendeu parcialmente a o pedido de liminar em ação civil pública do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). Em caso de descumprimento, a sentença prevê multa diária de R$ 1 mil.

No domingo, após a eleição presidencial, Ana Caroline publicou em seu perfil na rede social Facebook uma publicação em que diz: "Filme ou grave todas as manifestações político-partidárias ou ideológicas que humilhem ou ofendam sua liberdade de crença e consciência. DENUNCIE! Envie o vídeo e as informações para (49) 9XXXX-XXXX, descreva o nome do professor, o nome da escola e a cidade. Garantimos o anonimato dos denunciantes", e "Alunos que sentirem seus direitos violados podem usar gravadores ou câmeras para registrar os fatos".

Ainda segundo decisão do juiz, a deputada eleita terá que se abster de criar, manter, incentivar ou promover qualquer modalidade particular de serviço de denúncia das atividades de servidores públicos. "Pode-se afirmar que está em cena a liberdade de expressão em sala de aula e, ainda, o direito da criança e do adolescente, de alunos da rede escolar do Estado de Santa Catarina, ao ensino guiado pelos princípios constitucionais da liberdade de aprender e ensinar e do pluralismo de ideias e de concepções", escreveu o juiz.

Para Giuliano, Ana Caroline estaria infringindo o direito dos estudantes à proteção contra toda forma de exploração “ao recomendar a realização de filmagens nas salas de aula". Segundo o magistrado, a conduta representa exploração política dos estudantes, pois está ligada à intenção de deles tirar proveito político-ideológico, com prejuízos indiscutíveis ao desenvolvimento regular das atividades escolares, quer pelo incentivo à desconfiança dos professores, quer pela incitação dos alunos catarinenses ao descumprimento da Lei Estadual n. 14.363/2008, que proíbe o uso de telefone celular nas escolas.

No entanto, o juiz não aceitou o pedido do MPSC de bloqueio do número e celular informado na publicação e a multa por danos morais coletivos na ordem de R$ 71.517.

A reportagem do R7 entrou em contato com a deputada eleita Ana Caroline Campagnolo e aguarda retorno.

MP vai investigar deputada que pediu denúncias contra professores

O Ministério Público de Santa Catarina vai investigar a conduta da deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a 25ª Promotoria de Justiça de Florianópolis instaurou, via ofício, um procedimento para apurar possível violação do direito à educação e adotar as medidas cabíveis.

"Segunda-feira, 29 de outubro, é o dia em que os professores e doutrinadores estarão inconformados e revoltados. Muitos deles não conterão sua ira e farão da sala de aula um auditório cativo para suas queixas político partidárias em virtude da vitória de Bolsonaro. Filme ou grave todas as manifestações político-partidárias ou ideológicas", diz o texto da deputada que circulou nas redes sociais.


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