Líderes de 26 países temem ameaças à democracia em protestos

Líderes de 26 países temem ameaças à democracia em protestos

Carta assinada por políticos destaca que manifestações contra STF e o Congresso aumentam temores de um golpe de Estado

R7

Carta assinada por políticos destaca que manifestações contra STF e o Congresso aumentam temores de um golpe de Estado

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As manifestações previstas para o 7 de Setembro, que contam com apoio do presidente Jair Bolsonaro e aliados, provocaram repúdio de 165 políticos de 26 países. Eles divulgaram uma carta, nesta segunda-feira, na qual criticam os protestos organizados, especialmente os que são contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, os quais, segundo eles, aumentam os “temores de um golpe de Estado na terceira maior democracia do mundo”. O texto foi divulgado pela Internacional Progressista, uma organização que junta ativistas e organizações progressistas de esquerda.

Ex-presidentes, ex-primeiros-ministros, ex-ministros de Estado, deputados e senadores alertam que, na próxima terça-feira, “uma possível insurreição colocará em perigo a democracia no Brasil”. “Estamos profundamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil — e estaremos vigilantes em defendê-las antes e depois de 7 de Setembro. O povo brasileiro tem lutado durante décadas para garantir a democracia contra o domínio militar. Não devemos permitir que Bolsonaro os tire agora”, ressalta a carta.

Assinam o documento políticos da América do Sul, da América do Norte, da Europa e da Oceania, como os ex-presidentes Fernando Lugo (Paraguai), Ernesto Samper (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Martín Torrijos (Panamá); e o ex-primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodriguez Zapatero. Autoridades brasileiras, como o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Perpétua Almeida (PCdob-AC), também se manifestaram.

Leia a íntegra da carta:

"Nós, representantes eleitos e líderes de todo o mundo, soamos o alarme": Em 7 de setembro de 2021, uma possível insurreição colocará em perigo a democracia no Brasil.
Neste momento, o Presidente Jair Bolsonaro e seus aliados — incluindo grupos supremacistas brancos, a polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis de governo — estão preparando uma marcha nacional contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso em 7 de setembro, aumentando os temores de um golpe de Estado na terceira maior democracia do mundo.

Bolsonaro tem intensificado seus ataques às instituições democráticas do Brasil nas últimas semanas. Em 10 de agosto, ele organizou um desfile militar sem precedentes pela capital, Brasília, e seus aliados no Congresso impulsionaram reformas radicais no sistema eleitoral do país, amplamente considerado um dos mais confiáveis do mundo. Bolsonaro e seu governo têm — repetidamente — ameaçado cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso não aprovar essas reformas.

Agora, Bolsonaro convoca seus apoiadores para viajar a Brasília em 7 de setembro, num ato de intimidação das instituições democráticas do país. De acordo com uma mensagem compartilhada pelo presidente em 21 de agosto, a marcha está em preparação para um "necessário contragolpe" contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A mensagem afirmava que a "Constituição comunista" do Brasil havia retirado o poder de Bolsonaro, e acusava o "Poder Judiciário,a esquerda e todo um aparato, inclusive internacional, de interesses escusos" ao conspirar contra ele.

Parlamentares do Brasil advertem que a mobilização de 7 de setembro tem sido moldada pela insurreição na capital dos EUA em 6 de janeiro de 2021, quando o então presidente Donald Trump incitou seus partidários a "parar o roubo" com falsas alegações de fraude eleitoral nas eleições presidenciais de 2020."


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