Política

Líder do PT aciona STF contra governador do RJ por atentado à soberania em tratativa com os EUA

Governo fluminense teria feito solicitação formal à embaixada americana por sanções a aliados econômicos do Comando Vermelho

Cláudio Castro (no centro) ao lado de Alexandre de Moraes em encontro para explicar megaoperação
Cláudio Castro (no centro) ao lado de Alexandre de Moraes em encontro para explicar megaoperação Foto : Governo do Rio de Janeiro / AFP / CP

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de abertura de inquérito contra o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), por "potenciais crimes contra o Estado Democrático de Direito" no pedido ao governo dos Estados Unidos para classificar o Comando Vermelho e outras facções como organizações narcoterroristas.

Lindbergh faz referência a uma solicitação formal do governo fluminense aos Estados Unidos pela ação contra o Comando Vermelho.

De acordo com o jornal O Globo, em publicação da segunda-feira, 3, o governo do Rio entregou à embaixada dos Estados Unidos um relatório, no início deste ano, que sugere sanções econômicas a "aliados econômicos" da facção no exterior.

"Tal classificação, se acolhida, poderia permitir a aplicação de sanções e bloqueios de ativos por parte dos EUA a pessoas, grupos e instituições brasileiras e autorizar medidas de cooperação direta de inteligência em território brasileiro, inclusive de natureza militar, sem participação das autoridades federais", diz a peça do líder do PT.

A representação prossegue: "Nenhum dos atos mencionados passou por autorização do Presidente da República, do Ministério das Relações Exteriores ou do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o que configura violação direta à competência privativa da União para conduzir relações internacionais."

A peça também argumenta que "a conduta foi posteriormente reiterada, quando o governador procurou membros do governo Trump para obter apoio político à designação das facções como organizações terroristas, o que caracteriza tentativa de ingerência de governo estrangeiro em política interna brasileira".

De acordo com o pedido de inquérito, as ações de Castro configuram "negociação com governo estrangeiro para ingerência em atos de soberania nacional e transferência de informações sensíveis a agentes externos, com possível correspondência aos tipos de atentado à soberania e espionagem".

Nesta terça-feira, 4, o governador do Rio de Janeiro realiza uma visita a Brasília para se reunir com lideranças políticas sobre a segurança pública no Estado. O movimento ocorre na semana seguinte à megaoperação da Polícia do Rio nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou 121 mortos.

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