Luiz Fux vota contra a validade da Ficha Limpa para 2010

Luiz Fux vota contra a validade da Ficha Limpa para 2010

Novo ministro era o único que ainda não havia se manifestado sobre a matéria

Correio do Povo e Agência Brasil

Ficha Limpa recebe segundo voto contrário no STF

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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi autor do segundo voto pela inaplicabilidade da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. Para o ministro, mesmo a melhor das leis não pode ser aplicada contra a Constituição. Segundo ele, a intenção pela moralidade é louvável, mas a norma fere o artigo 16, que trata da anterioridade da lei eleitoral.

“A nós, não resta a menor dúvida de que a criação de novas inelegibilidades erigidas por uma lei complementar, no ano da eleição, efetivamente, inaugura regra nova inerente ao processo eleitoral., o que não só é vedado pela Constituição, como pela doutrina e jurisprudência da casa”, disse.

Ele afirmou que o processo eleitoral significa a dinâmica do pleito e que é irrelevante tentar determinar a data em que ele se inicia. “A Constituição determina que se respeite o ano por inteiro em que deva ocorrer o pleito”, observou.

Segundo o ministro, a regra da anualidade, inserida na Constituição por uma emenda de 1993, tem como objetivo evitar surpresas em ano de eleição. “A iniciativa popular (Lei da Ficha Limpa) é mais que salutar, mas tem que respeitar a Constituição. Um país que não respeita a Constituição não tem Constituição. A falta de segurança jurídica conduz qualquer sociedade ao colapso.”

"Espetáculo democrático"

Apesar de votar pela não aplicação da norma em 2010, Fux a chamou de “um dos mais belos espetáculos democráticos com escopo de purificação do mundo político”. De acordo com o ministro, o intuito da moralidade é louvável, mas não pode ultrapassar um critério técnico estabelecido pela Constituição. “A Lei da Ficha Limpa é a lei do futuro, uma aspiração legítima da sociedade brasileira. Mas não pode ser um desejo saciado no presente, em homenagem à Constituição brasileira”.

O voto de Fux ainda não decidiu o julgamento de hoje, pois, com exceção de Gilmar Mendes, os outros ministros ainda não votaram. Entretanto, dificilmente os magistrados mudarão os entendimentos manifestados no julgamento mais recente sobre a validade da norma em 2010, que terminou empatado em 5 votos a 5, em outubro do ano passado. O próximo a votar é o ministro Antonio Dias Toffoli.

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