Maximiano corrige informação, apontada como mentira por senador, sobre locação
Durante depoimento, nesta quinta-feira, parlamentares sugeriram prisão de dona da Precisa e apontaram possível abuso do direito ao silêncio
publicidade
O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, se retratou durante o depoimento na CPI da Covid e admitiu ser locatário de um apartamento frequentado pelo advogado Marcos Tolentino, ligado ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) sugeriu a prisão de Maximiano após ele ter dito anteriormente que era apenas fiador no contrato do apartamento.
Tolentino é apontado como sócio oculto do FIB Bank, empresa usada pela Precisa para oferecer uma carta de fiança ao Ministério da Saúde na compra da vacina indiana Covaxin. Após a ameaça de prisão, Maximiano se retratou.
A defesa do empresário afirmou que, como investigado, ele não teria cometido falso testemunho, e que, como testemunha, poderia se retratar até a apresentação do relatório final da CPI. "Formalmente, me retrato e peço desculpa. Sou locatário do contrato de imóvel. Não me recordava pois não vivi lá nesse imóvel", disse o dono da Precisa.
Maximiano nega influência sobre emenda de importação da Covaxin
Durante depoimento, dono da Precisa Medicamentos também negou influência na aprovação de uma lei no Congresso para destravar a importação da vacina indiana Covaxin. A sugestão foi aprovada após emenda apresentada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), investigado pela CPI.
Maximiano admitiu conhecer Ricardo Barros e ter interesse na emenda, mas negou influência no processo legislativo. "Por óbvio, tornava a Covaxin elegível, também como outras autoridades, mas não houve absolutamente nenhum contato com o deputado Ricardo Barros e tampouco com outro para fazer essa inclusão", afirmou.
Senadores apontam possível abuso do direito ao silêncio
O dono da Precisa ficou em silêncio na maioria das perguntas feitas pelo relator da investigação, Renan Calheiros (MDB-AL), devido ao direito concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das perguntas não respondidas foi sobre o padrão de vida em relação aos seus rendimentos. Ele levou à Índia uma comitiva de empresários com os quais sua rede de empresas fez transações milionárias consideradas suspeitas. A CPI apura se alguma dessas movimentações financeiras serviram para lavagem de dinheiro.
Após responder algumas questões gerais, como em relação a outros contratos da Precisa com o governo, ele disse que não abordaria outros temas, causando críticas por parte dos senadores. Os parlamentares apontam um possível abuso do direito ao silêncio.
Depoimento sofreu quatro adiamentos
O depoimento já foi adiado por quatro vezes. A primeira tentativa para ouvi-lo ocorreu em 23 de junho, mas os advogados avisaram na véspera que ele estava em quarentena, após retornar da Índia.
O compromisso foi remarcado para 1º de julho, mas foi adiado, uma vez que, no dia anterior, ele conseguira um habeas corpus no STF concedendo-lhe o direito de ficar em silêncio para não se incriminar.
Maximiano seria ouvido também em 14 de julho, junto com a diretora-técnica da empresa, Emanuela Medrades, mas o comando da CPI decidiu que não seria possível ouvir ambos no mesmo dia.
Outro agendamento ocorreu para o dia 4 de agosto, na volta do recesso parlamentar, mas o empresário pediu a mudança de data porque novamente estava na Índia.
Nesta quinta, o presidente da CPI, Omar Aziz, ironizou as viagens à Índia e perguntou se o empresário estava tirando a cidadania indiana.