Metade da comissão defende que Coaf continue com Justiça

Metade da comissão defende que Coaf continue com Justiça

Bolsonaro relatou pressão para retirar órgão da pasta de Sérgio Moro

AE

Moro não demonstrou inclinação a evitar perda do órgão

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Ao menos metade dos 26 parlamentares que compõem a comissão especial do Congresso que trata da reorganização da Esplanada dos Ministérios defende manter o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Justiça, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo. No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro relatou pressão para retirar o órgão das mãos do ministro Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato. No entanto, apenas três parlamentares assumiram esta posição — dois deles do PT. Outros oito não quiseram declarar seus votos e dois não responderam aos questionamentos da reportagem.

"Deixar o Coaf sob o comando do ministro Sérgio Moro, é estabelecer uma 'Gestapo' (polícia secreta na Alemanha nazista) brasileira", disse o senador Rogério Carvalho (PT-CE). Além dele Alexandre Padilha (PT-SP) e Wellington Roberto (PR-PB) também querem tirar o Coaf do Ministério da Justiça. Líder do governo no Senado e relator da medida provisória que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios em janeiro, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PR) afirmou nessa segunda-feira que seu relatório manterá o Coaf com Moro. Ele apresentará o texto nesta terça-feira.

Para Bezerra, ainda é cedo dizer que o Planalto tem maioria. "É evidente que precisa haver um trabalho de convencimento e mobilização para o governo construir a maioria na votação dessa matéria", disse o senador após se reunir com Moro nesta segunda.

O movimento que mais preocupa o governo é a aproximação do Centrão com a oposição liderada pelo PT na comissão. Há uma preocupação entre integrantes do bloco de que o "superministério" de Moro vire um campo para "caçar políticos", como definiu um líder do Centrão consultado pelo jornal. Oficialmente, PP e DEM ainda não se posicionaram. O governo recebeu a sinalização de que, na comissão especial criada para analisar a medida provisória, a mudança do Coaf deverá ser colocada em votação separadamente.

Corpo a corpo 

Moro tem feito corpo a corpo com parlamentares para convencê-los da importância de manter o órgão onde está. Na noite de segunda, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que inicialmente havia dito estar indeciso, esteve com o ministro e foi convencido a votar com o governo. "Na forma como ele explicou, deu para compreender bem e acredito que ele ficará melhor no Ministério da Justiça", disse Rocha.

Nesta terça, Moro se reúne com outros nove integrantes da comissão. Cinco deles não se manifestaram sobre o tema após questionamento da reportagem. Há ainda outras possíveis mudanças envolvendo o Ministério da Justiça, como a volta da Funai, hoje subordinada à pasta da Agricultura. A única que Moro faz questão de evitar, porém, é a perda do Coaf.


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