Para aprovar ICMS, PT solicita a Leite que acabe com parcelamentos de salários

Para aprovar ICMS, PT solicita a Leite que acabe com parcelamentos de salários

Ao todo, petistas estabelecem cinco condições. Enquanto Leite se encontra com oposição, futuro secretário se reúne na Fazenda

Flavia Bemfica

Eduardo Leite se reuniu com a bancada do PT nesta terça

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A bancada do PT na Assembleia Legislativa, a maior da legislatura que está chegando ao fim, com 11 deputados, apresentou na manhã desta terça-feira ao governador eleito, Eduardo Leite (PSDB), cinco condicionantes para votar a favor do projeto que prorroga a majoração das alíquotas de ICMS no Estado. A reunião entre os parlamentares e Leite aconteceu na sala da bancada do PT, às 10h. Enquanto ele se encontrava com os petistas, o futuro secretário da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso, que está em Porto Alegre desde segunda-feira, mantinha reuniões na Secretaria da Fazenda.

• Petistas apresentam condições para votar a favor do aumento do ICMS 

Os petistas solicitam que o novo governo institua um canal consistente de negociações para tratar do fim do parcelamento dos salários dos servidores, com a apresentação de um calendário para colocar os vencimentos em dia; que também institua um calendário para a regularização dos repasses da saúde para os municípios e os hospitais e a quitação dos débitos existentes; que reduza o ICMS sobre a energia elétrica dos consumidores mais pobres, passando de 25% para 12% a alíquota do consumo entre 50 e 100 KW; que altere a alíquota sobre o gás de cozinha de 12% para 7%; e que eleve as alíquotas sobre heranças e doações até o limite de 8%. Caso tenha as solicitações atendidas, o partido se compromete a conceder seus 11 votos. A possibilidade foi confirmada pelo líder da bancada petista, o deputado Luiz Fernando Mainardi, durante coletiva ao final do encontro. 

Leite ficou de analisar as medidas e não se comprometeu em adotá-las. Mostrou-se simpático a que estipula a redução do imposto da energia elétrica para os consumidores de menor renda, acredita ser possível uma negociação sobre a do gás de cozinha, e respondeu que o fim dos parcelamentos nos salários dos servidores ao longo do primeiro ano de governo é sua bandeira de campanha. Mas, sobre a saúde, assinalou que ainda não tem acesso aos dados completos e que possivelmente isso só acontecerá depois que tomar posse, em 1º de janeiro. Internamente, o núcleo tucano tem se queixado da falta de um acesso “mais profundo” a todos os números.

Não fossem as dissidências pontuais na própria base, o fato de Leite fechar um acordo com os petistas garantiria a aprovação do projeto. Mas, em função das resistências internas no caso do ICMS, além da oposição, ele já buscou partidos que integraram outras alianças na eleição, e vem obtendo sucesso. O presidente do PR, deputado federal Giovani Cherini, garantiu que os dois deputados da legenda votarão a favor do projeto. O PR apoiou o governador José Ivo Sartori (MDB) na disputa eleitoral. O PSB, que tem três deputados, também está em tratativas com o tucano.

Leite se elegeu com uma coalizão formada por sete siglas (PSDB, PTB, PP, PRB, PPS, PHS e Rede), cinco delas com cadeiras na atual legislatura. O PP soma sete deputados, o PTB seis, o PSDB quatro, e o PRB e o PPS, um cada, totalizando 19. Mas em relação ao ICMS, ocorrerão dissidências dentro da base. O líder do PP, deputado Sérgio Turra, por exemplo, já avisou que votará contra. O vice-líder do PSDB, deputado Pedro Pereira, deu declarações no mesmo sentido. Os articuladores do futuro governador precisam garantir o quórum de 28 dos 55 parlamentares para a votação. A aprovação é por maioria simples. Em 2015, quando o Executivo encaminhou o projeto prevendo o aumento das alíquotas, ele foi aprovado por 27 votos a 26.

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