Projeto de Moro sobre segurança de agentes que atuam contra crime organizado gera embate no Senado

Projeto de Moro sobre segurança de agentes que atuam contra crime organizado gera embate no Senado

Proposta foi aprovada pela Comissão de Segurança Pública e segue para CCJ, mas com questionamento sobre origem dos recursos

R7

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Aprovada pela Comissão de Segurança Pública do Senado nessa quarta-feira (12), a proposta que pretende garantir segurança reforçada a agentes públicos que atuam no combate ao crime organizado é questionada por senadores. Apesar de haver convergência quanto ao objetivo, a falta de previsão orçamentária e deslocamento de policiais das ruas para realizar a proteção específica são pontos de resistência. 

O projeto de lei 1.307/2023 foi elaborado pelo senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) após descoberta de plano de atentado contra ele e a família por membros de uma facção criminosa.

Além da proteção aos agentes que atuam no combate ao crime organizado, o projeto prevê pena de prisão de três a oito anos para quem impede ou atrapalha investigação contra o crime organizado. A quem conspirar contra as investigações, solicitar ou ordenar a prática de violência ou grave ameaça contra os agentes públicos, a pena sugerida é de quatro a 12 anos de cadeia, além de multa.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) questiona a retirada de policiais das ruas para fazer segurança pessoal de autoridades ameaçadas. "Se vocês fizerem um levantamento do que está faltando nas polícias militares do Brasil, é um absurdo". Para Aziz, "um juiz não é diferente de um cidadão que, todo dia, no bairro, fica sendo ameaçado por um traficante". 

Em relação ao recurso extra para realizar a segurança, Aziz avalia ser necessário, antes de aprovar a proposta, garantir que a verba saia da própria instituição a que pertence a pessoa a ser protegida. "Quem vai pagar a conta de proteger o juiz, o promotor, a família? Quem vai dar o carro, a gasolina, pagar a diária, para que a gente possa ser igual?", questiona o senador. 

Mesmo defendendo o projeto, a senadora Dorinha Seabra (União Brasil-TO) concorda com a necessidade de debater a origem dos recursos. "Quem paga a conta? Qual o desenho? Qual o formato? Isso tem que ser pensado. Agora, é tarefa nossa fazer o enfrentamento a uma estrutura montada no nosso país", afirma.

Uma sugestão apresentada pelo senador Jorge Seif (PL-SC) é usar arrecadação vinda de infrações de trânsito. "Que a segurança de agentes públicos possa vir também de recursos oriundos de multas de trânsito, que só se multiplicam."

Autor do projeto, Moro defende a disponibilização de proteção aos ameaçados pelo crime organizado, alegando que o objetivo é focar naqueles que estão sob suspeita consistente de perigo. O reforço, inclusive, inclui policiais na linha de frente e aposentados. Moro sustenta que o foco do projeto é também preencher lacunas legislativas.

"A ideia é antecipar o momento consumativo desses atentados a agentes públicos para prever que o planejamento desses ataques por si só já seja crime. É claro que não é um planejamento de guardanapo, imaginário, mas um planejamento como foi, por exemplo, no caso descoberto em relação a mim e a minha família, com aluguel de casas, vídeos de onde eu morava, todo um planejamento ali que indicava a prática de um crime", destaca Moro. 

O projeto ainda vai ser analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) antes de ir ao plenário do Senado. A expectativa é que sejam apresentadas emendas para sanar o questionamento antes que o texto seja aprovado e vá para a Câmara. 


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