PT pressiona relator para retirar do novo CPP prisão após segunda instância

PT pressiona relator para retirar do novo CPP prisão após segunda instância

Deputado João Campos disse que não pretende mexer na proposta e que verá o tema em votação no plenário

AE

PT pressiona relator para retirar do novo CPP prisão após segunda instância

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Relator do novo Código de Processo Penal (CPP), o deputado João Campos (PRB-GO) ouviu pedidos dos petistas para que seja excluído do substitutivo a possibilidade de execução da pena após condenação por tribunal colegiado. Diante da pressão, Campos avisou que não pretende mexer na proposta e que prefere ver o tema em votação no plenário.

Em resposta, os petistas disseram que vão obstruir a tramitação do projeto. Campos contou que foi procurado pelo subrelator do CPP, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), e pelo deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) com uma lista de 15 sugestões de mudanças no substitutivo, entre elas retirar do texto a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância e manter a legislação como está hoje, com a prisão após trânsito em julgado.

O relator explicou que incorporou ao texto a jurisprudência em vigor no Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da prisão após condenação em segunda instância, disse que está convencido de que esse é o melhor entendimento e que este é um ponto que a sociedade pede. "Acho que esse é um tema que é muito relevante e que dá condição de o Brasil continuar enfrentando a impunidade, diminuindo a prescrição. Quando incluí no nosso projeto, fiz por convicção. De tal forma, esse é um tema que deve ir a voto", declarou.

Vice-líder da bancada do PT e membro da comissão especial que analisa o novo CPP, o deputado Wadih Damous (RJ) disse que o partido está disposto a impedir o avanço do projeto se o tema for mantido como proposto por Campos. "Ele (relator) quem sabe. Vamos obstruir até o fim. E se for o caso, vamos ao Supremo", afirmou. Força-tarefa Campos decidiu abrir uma nova rodada de conversas com entidades ligadas à área do Direito e bancadas partidárias para ouvir sugestões de mudanças no texto.

A intenção é ter um relatório fechado até o final de maio. Entre as propostas sugeridas que vão entrar no parecer está a criação de regras de funcionamento para a formação de forças-tarefas. A legislação hoje não prevê regulamentação para a colaboração entre policiais e Ministério Público, como acontece na Operação Lava Jato.

O relator - que ouviu a sugestão da Polícia Federal e de um procurador - disse que a experiência da Lava Jato é uma inspiração, um exemplo que deve entrar no novo CPP. "Acho que é viável porque a força-tarefa já é uma experiência conhecida não só na Lava Jato, mas em outras operações. Por que não a gente trazer isso pra dentro do Código de Processo Penal e dar segurança jurídica para todos os operadores do sistema? Penso que, portanto, é um tema interessante, inovador, e que enriquece o trabalho que estamos fazendo", justificou.

O relator sinalizou que não pretende mexer na parte que trata da colaboração subsidiária do Ministério Público na fase de inquérito por considerar que esse é o entendimento em vigor no STF. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) alega que o item impõe limite ao poder de investigação do Ministério Público.

O texto do substitutivo em discussão prevê que o MP só poderá apurar se comprovar que a Polícia Federal está inerte. "Eu estou aguardando contribuições, especialmente do MP. Que me ofereçam alguma sugestão de redação que efetivamente avance em relação aquilo que eu escrevi. Eu tentei traduzir o voto de sete ministros do STF, quem sabe não tenha sido muito feliz na tradução", ironizou.

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