"Suas mãos redigiram a melhor decisão para cada caso", diz presidente do STJ em adeus a Sanseverino

"Suas mãos redigiram a melhor decisão para cada caso", diz presidente do STJ em adeus a Sanseverino

Cerimônia de despedida do ministro do STJ Paulo de Tarso Vieira Sanseverino ocorreu nesta segunda-feira, com a presença de familiares, amigos e autoridades

Kyane Sutelo

Capela Ecumênica do Crematório Metropolitano de Porto Alegre ficou lotada por familiares, amigos e colegas do ministro.

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"É o meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul, terra e cor", cantou o coro de familiares, amigos e colegas na despedida ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, que aconteceu na tarde desta segunda-feira, na capela ecumênica do Crematório Metropolitano de Porto Alegre. O magistrado gaúcho, que construiu carreira na Justiça local antes de chegar ao STJ, foi homenageado por mais de uma centena de pessoas com depoimentos, aplausos e lágrimas. Sanseverino morreu no sábado, aos 63 anos, no Hospital Moinhos de Vento, onde estava internado em decorrência de um câncer em estágio avançado.

A presidente do STJ , ministra Maria Thereza de Assis Moura, foi a primeira a discursar em homenagem ao colega, seguida por familiares. A magistrada afirmou que Sanseverino era um "juiz íntegro e dedicado, estudioso, cuidadoso", o qual deixou a todos com a certeza de que "estavam seguros de que suas mãos redigiram a melhor decisão para cada caso". Emocionada, a representante da Corte enfatizou a boa pessoa que o ministro era para além da atuação profissional.

Dentre os membros do STJ presentes na cerimônia, esteve o ministro Herman Benjamin.  “Quem via o Paulo falar, ou o via fisicamente, via seu coração”, disse sobre Sanseverino. O ministro ainda relembrou o quanto o colega era preocupado com a parcela mais vulnerável da população que precisava de justiça. Segundo ele, fica uma lacuna para o país. “Brasil que, hoje, tem uma inundação de injustiças e, cada vez mais, o direito, se não na teoria, na prática, vai se afastando das necessidades do povo. Ele foi o porta-voz do estado social de direito”, avaliou.

Em solo gaúcho 

A presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJRS), desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, lamentou a perda de Sanseverino. "É um momento de muita tristeza para todos nós". Ela destacou a trajetória dele como magistrado de carreira em terras gaúchas, até alcançar o STJ. "Onde muito bem nos representou", afirmou a presidente do TJRS, que disse que foi uma perda para todo "o mundo jurídico brasileiro". 

Diversos magistrados do Judiciário gaúcho também estiveram presentes na ocasião. Para a Ouvidora da Mulher do TJRS, desembargadora Jane Maria Kohler Vidal, o legado de Sanseverino como professor deve ser ressaltado. “Ele deixa uma escola não só no Rio Grande do Sul, mas no Brasil”, disse. Segundo a magistrada, o ministro era “um referencial para todos do mundo jurídico”, por ter vivenciado tantos postos diferentes em sua carreira. “A justiça brasileira perdeu um grande magistrado. Um ministro voltado para a humanidade”, pontuou.


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