''Três anos depois'', ironiza Villas Bôas sobre manifestação de Fachin

''Três anos depois'', ironiza Villas Bôas sobre manifestação de Fachin

General usou suas redes sociais para se manifestar

AE

Villas Bôas ironizou o fato do ministro subir o tom sobre um fato ocorrido há três anos

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O ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas reagiu, nesta terça-feira, à manifestação feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin sobre os militares na segunda-feira. Em sua conta no Twitter, o general ironizou o fato do ministro subir o tom sobre um fato ocorrido há três anos.

A polêmica envolvendo o militar e o ministro do Supremo teve início após Villas Bôas afirmar, em um livro recém-lançado, ter planejado com o Alto Comando da Força o tuíte que foi interpretado como pressão para que o Supremo Tribunal Federal não favorecesse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018.

"Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?", escreveu Villas Bôas na ocasião, um dia antes da Corte julgar um habeas corpus ajuizado pelo petista, o chefe militar primeiro tuitou que a Força compartilhava "o anseio de todos os cidadãos de bem". Depois, divulgou novo tuíte citando as instituições, com tom ainda mais político.

O texto chegou a ser interpretado como ameaça de golpe, caso Lula fosse libertado. O ex-presidente cumpria pena estabelecida pelo juiz Sérgio Moro, no processo do triplex do Guarujá (SP). Sua libertação poderia ter influência na campanha eleitoral. A disputa foi vencida, no segundo turno, por Jair Bolsonaro, derrotando o petista Fernando Haddad. Moro depois passou a fazer parte do governo como ministro da Justiça - mas deixou o cargo no ano passado.

Após a revelação - feita no livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante", de Celso de Castro - repercutir, Fachin publicou uma nota nessa segunda-feira, condenando a ação dos militares. "Anoto ser intolerável e inaceitável qualquer forma ou modo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário", afirmou Fachin. "A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição", completou o ministro.

Em 2018, Fachin era relator do pedido apresentado pela defesa de Lula, que acabou sendo negado pelo plenário do STF.

Reação de parlamentares

A nota de Fachin provocou reações de deputados bolsonaristas e de opositores do governo, que criticaram o ministro do STF nesta terça-feira. No entanto, enquanto os aliados do presidente miraram na subida de tom de Fachin em relação aos militares, deputados de partidos de esquerda criticaram a demora do ministro em se pronunciar sobre o caso e cobraram uma investigação.

Pelo lado bolsonarista, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) foi um dos que atacou a declaração do ministro. "Não Fachin! Intolerável e inaceitável não são as pressões sobre o judiciário. Intolerável e inaceitável é que marginais da lei componham a suprema corte. Intolerável e inaceitável é que você esteja nesta corte. Isso sim é intolerável, isso sim é inaceitável."

Já no campo da oposição, um dos parlamentares a criticar a demora do ministro em se manifestar sobre o tema foi o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). "Fachin, do STF, reagiu tardiamente à ameaça do então comandante do exército Villas Boas. Em 2018, o general postou mensagem pra atemorizar quem poderia dar HC a Lula. Na época, covardia e lavajatismo prevaleceram. O tribunal tentará reescrever essa história com suspeição de Moro?", escreveu.

Fachin também é relator dos casos relacionados à Lava Jato no STF.


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