Valter Nagelstein é indiciado por racismo após áudio sobre bancada negra da Câmara de Porto Alegre

Valter Nagelstein é indiciado por racismo após áudio sobre bancada negra da Câmara de Porto Alegre

Ex-candidato à prefeitura da Capital, político criticou parlamentares recém-eleitos em mensagem a apoiadores


Aristoteles Junior/Rádio Guaíba

Ex-candidato à prefeitura da Capital, político criticou parlamentares recém-eleitos em mensagem a apoiadores

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O ex-vereador Valter Nagelstein (PSD) deve responder pelo crime de racismo qualificado em razão de um áudio enviado a apoiadores após o primeiro turno das Eleições 2020. A Polícia Civil, que remeteu o inquérito do caso à Justiça nesta terça-feira, considera que o então candidato à prefeitura da Capital atingiu todo o grupo racial ao resumir como “jovens, negros e sem nenhuma tradição política” alguns colegas, recém-eleitos.

Na mensagem, Nagelstein também afirma que os novos integrantes da Câmara de Porto Alegre chegaram ao posto “sem nenhuma experiência, sem nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal”. A fala ganhou projeção após ser compartilhada pelos parlamentares e entidades antirracistas, e chegou à Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância após um pedido do Ministério Público.

“Os vereadores foram unânimes ao dizerem que não foram os únicos atingidos. Até porque eles são, também, representantes do povo. Já o Valter disse que não teve a intenção de proferir ofensas, ou palavras de cunho discriminatório. Ele também citou um pedido de desculpas, publicado em forma de depoimento em seu Facebook”, relata a delegada responsável pelas investigações, Andréa Mattos.

O grupo alvo do áudio enviado por Nagelstein é formado por cinco vereadores: Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB), Karen Santos (PSol), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSol). Quatro deles já concluíram o Ensino Superior e um está cursando a graduação. A legislatura atual conta com o maior número de parlamentares negros na história, e é primeira onde uma bancada negra foi formalizada.

“No meu entendimento, corroborado pela denúncia que eu recebi de 40 entidades representativas do movimento negro, ele não ofendeu só a honra subjetiva dos vereadores. Também ofendeu toda uma coletividade. Esse é um crime inafiançável, com pena que varia de 2 a 5 anos de prisão. Agora, o inquérito saiu da nossa esfera de decisão e de trabalho. Está nas mãos do Judiciário”, finaliza a delegada.

Contraponto

O advogado Gustavo Nagelstein representa o irmão na ação. Questionado pela equipe da Rádio Guaíba, ele afirmou que lamenta a decisão da delegada. “Em nenhum momento na fala do Valter nós conseguimos ver a intenção dele, de racismo. Na verdade, ele estava trazendo a um grupo político dele uma menção com relação à qualificação dos vereadores eleitos”, argumenta.

“O que mais me surpreende é que, em uma consulta simples à internet, buscando saber quem é a delegada (Andréa Mattos), é fácil perceber que ela possui vinculação política. Constam diversas fotos dela com políticos do partido criticado pelo Valter. Uma foto dela com a (deputada estadual) Luciana Genro, o principal expoente da PSol”, critica o advogado.


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