Vice-governador do RS mede temperatura no Legislativo, e aliados listam falhas da estratégia

Vice-governador do RS mede temperatura no Legislativo, e aliados listam falhas da estratégia

Gabriel Souza atribuiu a derrota sobre o ICMS ao fato de o tema ser “sempre difícil”

Flavia Bemfica

Gabriel Souza esteve presente durante votação na Assembleia

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Após a retirada do projeto de majoração do ICMS da pauta de votações da Assembleia Legislativa, e enquanto o núcleo de articuladores do Palácio Piratini fazia um levantamento sobre as falhas em sua estratégia, o vice-governador Gabriel Souza (MDB) acompanhou, na sede do Legislativo, parte das votações.

A presença do vice, que coordena o Gabinete de Projetos Especiais (GPE), foi, oficialmente, para reforçar a importância da proposta de reformulação do programa Todo Jovem na Escola, aprovada por unanimidade, com 54 votos. Mas, na prática, coube a ele medir in loco a temperatura do Legislativo um dia após o naufrágio da tentativa do governo de majorar a carga tributária e projetar movimentos sobre os decretos que reduzem incentivos fiscais.

Gabriel atribuiu a derrota sobre o ICMS ao fato de o tema ser “sempre difícil”, e às cobranças que os parlamentares recebem em suas bases. Disse que o governador Eduardo Leite (PSDB) se dedicou a explicar minuciosamente a necessidade do aumento da carga. Insistiu na tese de que a não majoração da alíquota modal deverá gerar perdas ao RS na divisão do bolo da arrecadação resultante da reforma tributária nacional. E também mandou recados: “Quando a Assembleia, que é soberana, não decide, na verdade está decidindo.”

O emedebista admitiu, contudo, que a redução dos incentivos fiscais é alternativa ainda mais indigesta que o aumento de imposto. “O plano B é pior do que o A. Mais amargo, porque retira incentivos fiscais de setores importantes do Estado. Por outro lado, o desenvolvimento não está condicionado apenas à tributação. Passa por infraestrutura, segurança, educação e saúde.”

Gabriel evitou citar possíveis erros de estratégia. Publicamente, a mesma postura é adotada pelos deputados de diferentes bancadas da base na Assembleia. Dentro dos gabinetes, contudo, parlamentares alinhados ao governo adicionam pelo menos outros três fatores decisivos, para além da complexidade do tema e da ojeriza da população gaúcha ao aumento da carga tributária.

Eles elencam o excesso de confiança de articuladores do Piratini, que ignoraram uma série de alertas, porque ainda teriam como referência a configuração de forças políticas que existia na primeira administração de Eduardo Leite, mas que hoje está atualizada. Apontam a dificuldade de defender sucessivas mudanças de discurso do Executivo em relação à situação das contas do Estado. E destacam o que definem como falta de ‘timing’ sobre o momento atual, caracterizado, nesta ordem, pelo pós-pandemia, três estiagens seguidas e duas enchentes.

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