Boletim alerta para intensidade do El Niño no próximo trimestre e dá recomendações para o campo

Boletim alerta para intensidade do El Niño no próximo trimestre e dá recomendações para o campo

Período deve ter ocorrência de chuva acima da média, tempestades e queda de granizo, conforme o Copaaergs

Correio do Povo

Probabilidade é de 90% ou mais para manutenção de condições do El Niño

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A probabilidade de continuidade das condições do El Niño durante a primavera e o início do verão é de 90% ou mais, podendo chegar à categoria de muito forte no fim de novembro e em dezembro. Os prognósticos indicam chuvas mais frequentes e persistentes no próximo trimestre, médias pluviométricas de 200mm e acima de 300mm nas regiões Oeste e Noroeste, tempestades, fortes rajadas e granizo, constituindo um cenário desafiador para a colheita das culturas de inverno e implantação das lavouras de verão no Rio Grande do Sul.

O alerta consta do boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). 

A previsão é de chuvas mais frequentes e persistentes entre outubro e novembro. Para dezembro, devem ficar acima da média na maior parte do Estado, especialmente na metade Oeste. Os acumulados podem ficar acima dos 200 mm e superar os 300 mm nas regiões Oeste e Noroeste. Tempestades, rajadas de vento forte e granizo também serão mais frequentes na primavera, sob influência do El Niño.

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em agrometeorologia de 16 entidades públicas e apresenta orientações técnicas para as culturas do período.

Culturas de inverno

  • Monitorar a ocorrência de doenças e pragas e observar se há necessidade de aplicações de defensivos. Não descuidar do momento da colheita, colhendo tão logo seja possível.
  • Os produtores devem providenciar a revisão das colhedoras e acompanhar a previsão do tempo para fazer colheita assim que possível.

Arroz

  • Intensificar o sistema de drenagem das áreas de lavoura, desobstruindo drenos, bueiros e vertedouros de barragens.
  • Dentro do possível, dar continuidade à adequação das áreas destinadas à lavoura para a próxima safra, principalmente às atividades de preparo e sistematização do solo e drenagem, para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, de forma a aproveitar melhor a radiação solar e evitar as temperaturas baixas no período reprodutivo da cultura.
  • Evitar semeaduras em áreas sujeitas à inundação persistente.
  • Efetuar a semeadura dentro do período recomendado pelo Zoneamento Agroclimático, semeando primeiro as cultivares de ciclo médio seguido das de ciclo precoce. Nas semeaduras após meados de novembro, dar preferência para cultivares de ciclo precoce.
  • Ficar atento para a drenagem após o estabelecimento da lavoura a fim de evitar prejuízos no estabelecimento inicial.
  • Iniciar a irrigação definitiva quando as plantas estiverem no estádio de 3 a 4 folhas, fazendo a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura, preferencialmente em solo seco, antes da entrada de água.
  • Atentar para a possível ocorrência de baixa luminosidade, que reduz a resposta da cultura à adubação nitrogenada.
  • Ter cuidados especiais com o possível aumento na incidência de doenças.

Culturas de primavera-verão

  • Agilizar o preparo e implantação das culturas, para aproveitar as janelas de possibilidades de semeadura e aplicação de produtos fitossanitários.
  • Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação sempre respeitando o zoneamento agrícola e calendário de semeadura.
  • Para cultura de milho e feijão, iniciar a semeadura quando a temperatura do solo, a 5 cm de profundidade, estiver acima de 16°C e umidade adequada do solo.
  • Tratando-se de plantio direto, fazer o manejo de culturas de inverno voltadas para a proteção do solo e manutenção da umidade no solo.
  • Monitorar a lavoura quanto à ocorrência de doenças.
  • Atentar para o controle de pragas no milho, especialmente a cigarrinha.
  • Para semeaduras em áreas de terras baixas, utilizar cultivares precoces, com cuidados especiais em relação à drenagem, considerando a possibilidade de ocorrência de chuvas acima da normal.

Hortaliças

  • Ter cuidado com excesso de umidade do solo.
  • Quando necessário, irrigar pela manhã e dar preferência à irrigação por gotejamento.
  • Para cultivos em ambiente protegido (túneis e estufas), fechar ao final do dia e abrir pela manhã, evitando aumento excessivo da umidade relativa e da temperatura do ar no ambiente interno dos abrigos.
  • Dar ênfase ao monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo.
  • Atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, especialmente em ambientes protegidos.

Fruticultura

  • Muita atenção ao manejo fitossanitário, com o monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo.
  • Preservar a cobertura verde nos pomares, seja por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, especialmente para proteção do solo, evitando a erosão e perdas de solo e nutrientes.
  • Se possível investir em sistemas de proteção antigranizo e/ou seguro agrícola; em caso de ocorrência de danos por granizo recomenda-se procurar a assistência técnica para análise e ajuste adequado de manejo.
  • Em pomares em que houver eventual perda de estruturas de frutificação e frutos em função da ocorrência de granizo, adotar o manejo usual do dossel vegetativo em relação a podas e aplicações de defensivos químicos, a fim de assegurar a produção da safra seguinte.
  • Recomenda-se a prática do raleio para ajuste da carga de frutos quando necessário, conforme as orientações técnicas de cada região/cultivar, para garantir o desenvolvimento e maturação adequados dos frutos.

Pastagens

  • No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais adequada.
  • Escalonar os períodos de plantio/semeadura das forrageiras cultivadas para o período de primavera/verão utilizando mudas/sementes de alto vigor, para reduzir as perdas ou atrasados de implantação que podem ocorrer devido a umidade elevada no início da primavera.
  • Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio.
  • Indica-se fazer silagem/feno de cultivos e pastagens de inverno/primavera, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes.
  • Atentar para as instalações e o entorno para evitar formação de barro, o que pode ocasionar problemas de casco, especialmente em vacas de leite.
  • Devido ao prognóstico de temperaturas do ar acima da média climatológica no trimestre outubro-novembro-dezembro, principalmente na metade norte do Estado, o produtor deve ficar atento, pois pode acarretar estresse térmico aos animais, principalmente para vacas de alta produção de leite.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895