Chuvas provocam erosão em lavouras de trigo do RS

Chuvas provocam erosão em lavouras de trigo do RS

Enxurrada poderá exigir reaplicação de fertilizantes, mas não comprometeu produtividade esperada para safra 2023, que deverá ser a segunda maior da história

Patrícia Feiten

publicidade

O ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul nos últimos dois dias trouxe poucos danos aos cultivos de inverno. De acordo com entidades representantes de agricultores, as chuvas intensas deixaram o solo encharcado e causaram erosão e lixiviação (retirada de nutrientes pela água) de fertilizantes utilizados nas lavouras de trigo, mas até o momento não há impacto na produtividade esperada para a cultura. Neste ano, a área plantada com o cereal no Estado é estimada em 1.505.704 hectares e, em 88% desse total, a semeadura já concluída, informa o último levantamento semanal da Emater/RS-Ascar, divulgado na quinta-feira (13).

O coordenador da Comissão do Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, explica que o plantio no Estado é feito no sistema de resteva da soja (plantio na palha), e as enxurradas “lavam” o fertilizante nitrogenado aplicado na semeadura, o que poderá exigir novas aplicações e, consequentemente, resultar em aumento de custos para os produtores. “A planta sem nitrogênio começa a ter estresse no seu processo de desenvolvimento. Esses são os grandes problemas, além de atraso no plantio para aquelas regiões ainda que não o tinham concluído”, diz o agricultor.

Segundo o diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Sergio Feltraco, o trigo semeado no Estado se encontra na etapa de desenvolvimento vegetativo, avançando para a de perfilhamento em algumas regiões produtoras. Na área de abrangência da entidade, que congrega mais de 30 cooperativas, os principais problemas relatados se referem à erosão do solo. “Muitas estruturas de armazenagem também foram afetadas, tanto de cooperativas quanto de particulares, principalmente na região do Celeiro”, observa Feltraco.

Apontada pelos modelos de previsão climática, a expectativa de precipitações acima da média histórica no inverno e na primavera, em razão do retorno do fenômeno El Nino, representa riscos para a triticultura, lembra o secretário executivo. Isso porque o período mais chuvoso deve coincidir com a fase de maturação e com a colheita do cereal. “Esperamos que a intensidade das chuvas não cause transtornos maiores durante o ciclo vegetativo e, especialmente, lá no reprodutivo”, diz Feltraco.

Pelas projeções da Emater, o Rio Grande do Sul deverá colher neste ano 4.548.934 toneladas de trigo a segunda maior safra da história, superada apenas pela de 2022, que totalizou 5.288.030 toneladas.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895