Discurso conciliador na Abertura da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, e expectativa de superação

Discurso conciliador na Abertura da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, e expectativa de superação

Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tranquilizou setor em relação à postura do governo federal quanto às invasões de terra e prometeu empenho nas medidas de mitigação da estiagem

Nereida Vergara

Clima de otimismo cercou o presidente da Cotrijal, Nei Manica, entre o governador Eduardo Leite e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na abertura oficial da Expodireto

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Mesmo sem trazer novidades que amenizem de imediato os prejuízos da estiagem à safra de grãos do Rio Grande do Sul, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, presente à abertura oficial da 23ª Expodireto Cotrijal, nesta segunda-feira, em Não-Me-Toque, na região Noroeste do Estado, fez um manifesto de importância fundamental para o agro no que diz respeito à propriedade da terra e à tolerância zero que governo federal pretende exercer em relação às invasões de propriedades sejam públicas ou privadas. Fávaro disse que o governo reconhece o direito do agricultor de ter seu pedaço de terra e que isso é algo a ser garantido pelo governo, mas "dentro da lei".   

"Este é o momento de construírmos pontes com o agro, o ministério está de portas abertas para trabalharmos juntos", afirmou, fazendo um chamamento em apoio às medidas econômicas do governo Lula, entre elas a que manteve o PIS/Cofins sobre os combustíveis, e que, destacou, são fundamentais para manter o equilíbrio das contas públicas. "Eu gostaria muito de já poder apresentar aqui uma linha de crédito que favorecesse de imediato as necessidades de investimentos, mas ainda estamos trabalhando na questão da taxa de juros", ponderou. Ele reconheceu, ainda, que os R$ 430 milhões liberados pelo governo no final de fevereiro é pouco diante da extensão das perdas. "Tomamos medidas importantes para minimizar esse impactos, emergencialmente. Temos ciência de quem precisamos avançar com medidas estruturantes, prolongamento de dividas, com a continuidade de investimento, com as linhas de credito para irrigação", esclareceu.

O presidente da Cotrijal, Nei Manica, antes da manifestação do ministro, conclamou o setor, no início da cerimônia, a dar um voto de confiança ao Ministério da Agricultura. "Vamos nos unir e apoiar o ministro Fávaro, que é o homem que vai nos ajudar a chegar no que precisamos". Manica disse que esta deve ser a maior feira da história da Cotrijal, já que o parâmetro de comparação é o evento do ano passado, que somou faturamento em torno de R$ 5 bilhões.

O governador Eduardo Leite e quase a totalidade de seu secretrariado prestigiaram a abertura. Leite lembrou que a Expodireto é sempre a certeza de sucesso, mesmo em períodos de estiagem. " Aqui justamente são feitos os debates que nos ajudam a encontrar as melhores técnicas, melhores experiências, as fontes de financiamento, a interação da academia, da universidade, da pesquisa com o produtor. Tudo que  nessa grande cadeia vai significar ganho de produtividade", complementou.

Entidades e políticos ressaltam momento delicado

Antes da abertura, autoridades e lideranças do setor comentaram o momento delicado da economia do Rio Grande do Sul diante de novas perdas causadas pelos problemas climáticos. O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, Eugênio Zanettiu, que na última semana esteve em Brasília em agenda nos ministérios, disse não achar que alguma medida concreta fosse anunciada por Fávaro. "Estamos trabalhando com o ministério desde o início do ano sobre o rebate e refinanciamento das dívidas, assim como a liberação de crédito emergencial para os atingidos, mas o governo, ao que parece, precisa de mais tempo", relatou. 

"Flexibilizar o pagamento das dívidas é a atitude mais urgente. Depois o governo resolve a questão dos créditos para investimento. Mas no momento o que interessa é dar esse socorro ao produtor", declarou o deputado federal Pedro Westphalen, que hoje recebe no parque o Troféu Semente de Ouro, conferido pela Cotrijal às personalidades gaúchas que se destacam no agro.

De acordo com senador Luis Carlos Heinze, o ponto crucial a ser atacado pelos governos e legislativos federal e estadual é a reservação de água. Ele argumentou que o Rio Grande do Sul tem chuva de sobra no inverno que, se bem armazenada, pode servir à irrigação e brecar os prejuízos à economia gaúcha, que nos últimos três anos, segundo Heinze, superaram os R$ 100 bilhões.

A Expodireto Cotrijal segue até o dia 10 de março. Estão no parque neste ano cerca de 570 expositores, numa área que aumentou em 33 hectares em relação ao aos 98 hectares utilizados até o ano passado. São esperados 250 mil visitantes nos cinco dias de evento.

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895