Sistemas florestais são aliados para agricultura de baixo carbono

Sistemas florestais são aliados para agricultura de baixo carbono

Fórum na Expodireto Cotrijal abordou ações desenvolvidas no Estado

Itamar Pelizzaro

Pesquisador Jackson Brilhante falou sobre Plano ABC+RS

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No quarto dia da Expodireto Cotrijal, a dinâmica das florestas e sua relação com o Plano ABC+RS esteve no centro dos debates do 16º Fórum Florestal do RS. O foco principal girou em torno do balanço de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no sistema de produção de erva-mate, espécie florestal com potencial para redução de emissões. O coordenador do Comitê Gestor do ABC+ RS e pesquisador da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Jackson Brilhante, falou sobre o trabalho realizado no Estado. O fórum teve ainda participação do diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Claudinei Baldissera, e do coordenador dos programas de erva-mate e café da Fundação Solidariedade, Gabriel Dedini.

Brilhante falou sobre as metas do Plano ABC, plano estadual lançado no ano passado, e mostrou as ações do Departamento de Pesquisa e Diagnóstico Agropecuário (DDPA) relacionadas com o balanço de emissões de GEE. O pesquisador informou sobre uma coleta já feita e submetida a um analisador de GEE portátil adquirido recentemente pelo governo estadual que mede os fluxos dos gases metano, óxido nitroso e dióxido de carbono e quantifica as emissões, além de permitir estimar os teores de carbono no solo e nas plantas.

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Brilhante lembrou que o Rio Grande do Sul passou por três anos consecutivos de estiagem, afetando o sistema produtivo a pleno sol e minimizando perdas no sistema sombreado. O DDPA busca quantificar as emissões, a contribuição da erva-mate na mitigação de GEE e medir a contribuição de sistemas sombreados para a resiliência produtiva. “Temos o feeling de que o sistema sombreado reduz perdas em situações climáticas extremas, mas ainda não sabemos o quanto retém mais umidade e minimiza o calor extremo”, disse. Conforme o servidor público, a pesquisa do DDPA já observou que a erva-mate, assim como outras espécies florestais, tem capacidade de oxidar metano. “Por ser ambiente florestal como as matas nativas, as plantas de erva-mate são sumidouros de metano, oxidam o metano que está ali. A gente instala o equipamento e percebe que a concentração vai diminuindo, o que significa que aquelas bactérias metanotróficas oxidam metano”, afirmou.

A primeira coleta de material para análise foi feita no mês passado. “Vamos coletar a cada 20 dias para fechar um ano e ver as variações de emissões ao longo do período. É lógico que as emissões por si só não querem dizer muita coisa, e vamos também coletar amostras de solo”, explicou. O equipamento adquirido pela Seapi avalia o fluxo de gases da superfície do solo para a atmosfera, uma parte do trabalho de balanço de carbono. Amostras de solo serão submetidas a análises laboratoriais com o novo conjunto de equipamentos.

Emater

O diretor técnico da Emater abordou o trabalho da assistência técnica e extensão rural oficial do Estado com os produtores rurais para implementar ações para a agricultura de baixo carbono. Conforme Baldissera, o agricultor está cada vez mais consciente de que deve produzir cada vez mais com menor custo e mitigando impactos ambientais. “De modo geral, o Rio Grande do Sul começa a olhar para os biomas e utilizá-los com estratégias importantes de convivência com sistemas agroflorestais”, frisou.

Segundo Baldissera, o Fórum Florestal do RS tem em seu histórico o debate de temas importantes sobre o cultivo de florestas e a estratégia de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Agora, entram em pauta as iniciativas do Plano ABC+RS e a adaptação às mudanças climáticas para consolidar a agricultura de baixo carbono. “O mundo todo olha para a agricultura e as emissões de baixo carbono. O setor de silvicultura tem muito a contribuir com os sistemas de produção”, destacou. O diretor apresentou ações em execução em cultivo florestais, como aproveitamento adequado de madeira, produção de alimentos consorciados com sistema agroflorestais, conservação de mananciais e Áreas de Preservação Permanente (APP), entre outras atividades.

“Existe uma caminhada importante. Os agricultores estão se dando conta de olhar para a propriedade com olhar sistêmico, de que as áreas de produção animal e vegetal têm um comportamento diferente conforme a região”, disse. Para Badissera, nas regiões produtoras de grãos é preciso olhar para as áreas de Reserva Legal e APPs também como áreas de sistemas agroflorestais de produção de alimentos estratégicas para melhorar a produção e a produtividade e conservar o ambiente, promovendo o sequestro de carbono. Para o diretor da Emater, há uma importante missão de dar visibilidade às ações já executadas. “Existe muita coisa boa que o agricultor faz, especialmente no sistema agroflorestal. A questão é comunicar e partilhar com os outros produtores.


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