Exportações e redução de área ditam preço do arroz

Exportações e redução de área ditam preço do arroz

Com plantio atrasado devido à estiagem, produtor comercializa saca a R$ 91,96, segundo Cepea/Esalq, com alta acumulada de 0,15% no mês

Correio do Povo

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Apesar de um leve recuo de 0,18% na comparação com os valores da sexta-feira passada, a saca de arroz, que iniciou a semana cotada a R$ 91,96 no Rio Grande do Sul, acumula alta de 0,15% no mês, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) em parceria com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A avaliação de produtores e indústrias é que os preços devem se manter neste patamar, pelo menos, até março, quando ocorre a entrada da safra 2022/2023, cujo plantio no Estado foi protelado em razão da estiagem.

Para o vice-presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Roberto Fagundes Ghigino, os preços atuais pagos aos produtores refletem uma estabilidade. O agricultor lembra que, no período mais dramático da pandemia de Covid-19, em 2020, a saca chegou a bater em R$ 110,00 e, em janeiro do ano passado, oscilava em torno de R$ 62,00. A redução da área de cultivo do cereal nas duas últimas safras, com a substituição por lavouras de soja, foi decisiva para a melhoria das cotações. “O atraso na safra ajudou os preços a se manterem. O início da colheita, que estava previsto para fevereiro, vai atrasar de 15 a 20 dias. O estoque da safra passada está ficando menor, pois o produtor está vendendo para pagar suas contas”, explica Ghigino.

O bom desempenho das exportações de arroz em casca também favoreceu as cotações no mercado doméstico. No ano passado, os embarques brasileiros do produto somaram 2,11 milhões de toneladas, quase o dobro do total exportado em 2021, com uma receita de US$ 657,4 milhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz). Esse salto, segundo o diretor-presidente da entidade, Elton Doeler, foi impulsionado pelos negócios com o mercado mexicano, após ações promocionais realizadas pelo setor no projeto Brazilian Rice. “Sempre que o Brasil obtém novos mercados, pela qualidade do produto e da cadeia produtora, existe uma firmeza maior (dos preços internos) por conta da maior demanda”, diz Doeler.

A expectativa de queda na produção nacional também impacta os preços. Divulgado em dezembro, o mais recente levantamento da safra de grãos da Companhia Nacional da Abastecimento (Conab) projeta uma colheita de 10,4 milhões de toneladas no país, volume 4% a menos que no ciclo anterior. “A gente precisa avaliar qual será a influência da estiagem. Por enquanto, o cenário é de mercado firme até o final de março, porque a exportação garante um patamar mínimo de preços”, observa Doeler


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