Farsul tenta reverter mudança em calendário da soja

Farsul tenta reverter mudança em calendário da soja

Redução da janela de plantio impactará agricultores que fizeram investimentos para safrinha da oleaginosa após cultura do milho

Patrícia Feiten

publicidade

Representantes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) se reunirão em Brasília, nesta quinta-feira (17), com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na tentativa de reverter as mudanças determinadas pela pasta no calendário de plantio da soja no Estado. Com a medida, anunciada por meio de portaria em julho, o período recomendado passou a ser de 1o de outubro deste ano a 8 de janeiro de 2024, o que reduziu em 40 dias a janela de semeadura.

Segundo o coordenador da Comissão de Grãos da entidade, o engenheiro agrônomo Elmar Konrad, a mudança é “drástica” e impossibilitará os produtores de fazerem a safrinha da oleaginosa tanto nas áreas irrigadas quanto nas de sequeiro. “É necessária e indispensável a alteração, porque penaliza muito o Rio Grande. Se plantarmos o milho, por mais cedo que seja, não se colhe ele antes de 15 de janeiro. Vamos levar (argumentos) de forma técnica e, com o respaldo das informações que se tem, acreditamos numa flexibilização”, diz Konrad.

Caso as normas atuais sejam mantidas, afirma o dirigente, a mudança prejudicará os agricultores que fizeram investimentos em áreas irrigadas por pivô central para plantio da safra de milho e da safrinha de soja, no sistema de rotação. Konrad observa que a nova classificação adotada no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) passou a considerar seis tipos de solo (AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6) com base na disponibilidade hídrica, substituindo a metodologia anterior, que previa três tipos com base apenas no teor de argila. “(Isso) deu uma amplitude para o plantio em janeiro e fevereiro em todos os municípios”, destaca.

O calendário de semeadura busca reduzir a incidência da ferrugem asiática da soja e foi instituído como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, que no Rio Grande do Sul vai de 3 de julho a 30 de setembro. Segundo o diretor executivo da  Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Sérgio Feltraco, na semana passada, a entidade recebeu um pedido do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para que informasse o número de propriedades e municípios gaúchos impactados pela mudança de prazos. “Uma coisa não justifica a outra. Não podemos conviver com apenas 100 dias de semeadura de soja no nosso calendário, dada a estrutura de produção”, afirmou.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895