Ministra da Agricultura vislumbra alcance de novos mercados com RS como área livre de febre aftosa

Ministra da Agricultura vislumbra alcance de novos mercados com RS como área livre de febre aftosa

Segundo Tereza Cristina, a retirada da vacinação vai possibilitar economia de R$ 90 milhões aos pecuaristas

Nereida Vergara

Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, à esquerda da ministra Tereza Cristina, disse que cooperação entre governo e entidades gaúchas foi fundamental para a conquista.

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Logo após o anúncio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) das novas áreas do Brasil livres de febre aftosa sem vacinação - Rio Grande do Sul, Paraná, Rondônia, Acre, e partes do Mato Grosso e do Amazonas -, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conduziu uma live no canal do YouTube da pasta para comemorar a conquista. "O reconhecimento da OIE abre diversas possibilidades de alcance de novos mercados para a carne bovina e carne suína do Brasil, assim como para a ampliação dos tipos de produtos a serem exportados a mercados que já temos acesso", disse a ministra. 

Hoje, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), existem 70 países no mundo reconhecidos como livres de febre aftosa sem vacinação, que são potenciais mercados para comercializar a produção de carne bovina e suína, com melhor preço e sem restrições sanitárias. Entre esses países estão o Japão, os Estados Unidos, o México e nações da União Europeia. Somente nos primeiros quatro meses de 2021, a Região Sul do Brasil, agora com os três Estados certificados - Santa Catarina é zona livre de febre aftosa sem vacinação há 14 anos -, o volume de exportações de carne bovina e suína aumentou 27%, chegando a R$ 4,3 bilhões, R$ 1 bilhão a mais que em 2020.

A live contou com a presença dos governadores dos Estados contemplados com a certificação, entre eles o governador gaúcho, Eduardo Leite. "Muito bom estar aqui neste momento, e não perder o trem da história", disse Leite, que elogiou o empenho dos produtores e entidades da pecuária para que o Rio Grande do Sul chegasse ao novo status. "Esse passo só foi possível porque houve muito esforço da equipe técnica, fortemente dedicada. O dia de hoje reforça a minha crença na cooperação e na colaboração", ressaltou. A secretária da Agricultura do Estado, Silvana Covatti, e o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, também participaram da reunião, Pereira, na condição de representante do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, João Martins. 

Sem vacina, mas com economia 

Segundo o Mapa, com as certificações confirmadas, mais de 40 milhões de cabeças de bovinos deixam de ser vacinados no Brasil, 20% do total do rebanho brasileiro. Com isso, 60 milhões de doses anuais de vacina deixam de ser utilizadas, gerando uma economia de R$ 90 milhões aos produtores rurais.    

Depois do evento virtual, o diretor de Saúde Animal e Insumos Pecuários do Mapa, Geraldo Marcos de Moraes, e o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, José Guilherme Leal, concederam entrevista coletiva detalhando questões técnicas a respeito do plano que prevê retirar a vacinação contra a aftosa em todo território brasileiro até 2026.

Um dos pontos principais abordados foi a questão da formação de um banco de antígenos, para ser utilizado no caso do surgimento de algum foco da doença. Leal destacou que o banco de antígenos ainda está em formação, mas que o Brasil tem instalados em seu território grandes fabricantes de vacina, que podem socorrer o país se houver a eventual identificação de algum caso.  

Leal explicou ainda que agora o ministério deve encaminhar aos países que tem restrições contra a importação de carne de locais onde a vacinação contra a febre aftosa ocorre, os certificados das regiões brasileiras que passam a ser zonas livres. Depois do exame da documentação, afirmou o secretário, deve se passar para a fase de auditoria desses países nas plantas brasileiras localizadas nas regiões certificadas. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895