Preço do trigo para exportação deve aumentar em 2023

Preço do trigo para exportação deve aumentar em 2023

Ao mesmo tempo, há previsão de queda para soja e milho

Correio do Povo

Aumento projetado para o preço do trigo é de 6,18%

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O aumento no preço do trigo projetado para 2023 é de 6,18% em relação ao preço de 5 de dezembro deste ano, enquanto para o milho e soja são esperadas quedas, de 1,81% e 1,33%, respectivamente. Isso se deve a um aumento de estoques das duas últimas commodities, enquanto há uma desaceleração do crescimento da economia mundial, e, ao mesmo tempo, a problemas de ampliação de produção de trigo na Europa e gastos mais elevados no contexto da guerra entre Ucrânia e Rússia. Este foi o cenário desenhado em coletiva de imprensa promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) nesta quarta-feira, em apresentação do diretor técnico da entidade, Bruno Lucchi.

Para a soja, a previsão de 2023 é de um estoque final de 102,2 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 7,9% em relação a este ano e que, segundo Lucchi, pode resultar numa queda de preços, com projeção de um ritmo de crescimento mais lento para economia mundial. “Não vamos ter percentuais de crescimento elevado, como nos últimos anos”, diz o diretor técnico. Enquanto a economia mundial cresceu 3,2% este ano, a projeção para o próximo ano é de 2,7%. Para a inflação no mundo, a tendência é de queda, mas ainda não de volta aos patamares anteriores à pandemia. Isso ocorre por conta de problemas, em especial relacionados à crise energética, que precisam de uma resolução, de acordo com Lucchi.

Para a economia brasileira, a projeção para 2023 é de crescimento de 0,75% no PIB, com expectativa de menor inflação, redução da taxa Selic e incremento pequeno no consumo das famílias. Para o PIB do agronegócio, é esperado crescimento entre 0 e 2,5%. O que pode ser considerado pouco, mas Lucchi pondera: “nós crescemos em 2020 algo em torno de 20%, em 2021 foi 8%, esse ano nós vamos cair 4%, então crescer 2,5% em cima de uma base extremamente grande não é pequeno, é algo que mostra que o setor permanece importante”.

Na avaliação da CNA, um dos aspectos que pode limitar o crescimento da economia é a elevação do risco de endividamento do governo por conta da PEC de transição. “A PEC da forma como ela foi apresentada, com o valor de quase R$ 200 bilhões para quatro anos, o mercado financeiro como um todo enxerga isso como um risco muito elevado”, diz Lucchi. “Se eu tenho um endividamento maior eu tenho aumento da taxa de juros, da inflação e eu prejudico principalmente aquele que o estado quer proteger, que são as famílias mais necessitadas. Então é algo que fica como ponto de alerta”, complementa.

Entre as reivindicações da CNA para o próximo governo está a reforma tributária. “O setor quer, desde que ela simplifique e não onere ainda mais a economia brasileira”, diz o diretor técnico. Antes disso, ele coloca que as reformas administrativa e política são prioridade, principalmente para determinar onde alocar a carga tributária. Também são citados os temas da segurança jurídica, política do plano safra, fortalecimento do seguro rural e desenvolvimento social e econômico caminhando juntos.


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