Soja em alta deve impulsionar vendas

Soja em alta deve impulsionar vendas

Saca a R$ 145,00 é estimulo para produtor retomar a comercialização e cobrir seus custos

Itamar Pelizzaro

A relação de preço da soja é determinada pela influência do clima e pelo desenvolvimento da oleaginosa nos Estados Unidos

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Depois de sete meses de queda, o preço da soja recuperou em julho patamar semelhante ao de abril, na faixa de R$ 145,00 a saca de 60 quilos. De junho para julho, a valorização foi de 6,3%, conforme o Cepea/Esalq/USP. Para o analista de mercado Adriano Gomes, da AgRural Commodities Agrícolas, de Curitiba, o avanço nos preços no Brasil no período foi influenciado pela valorização na bolsa de Chicago. Segundo Gomes, a alta na bolsa norte-americana se fundamenta, em parte, devido à expectativa de safra nos Estados Unidos, com área menor em relação ao projetado inicialmente. Conforme o analista, o relatório do Departamento de Agricultura Norte-Americano (USDA), de 30 de junho, reduziu a expectativa de área plantada em 1,6 milhão de hectares, fragilizando o mercado. “Com área menor, se tiver problema na produtividade com clima mais seco ou temperaturas elevadas, pode baixar a produção”, explicou Gomes.

O analista esclarece que, depois de boas chuvas no início do mês de julho, voltou a ficar mais quente e seco em todo o meio oeste dos EUA. No mês de junho estava faltando chuva na porção leste, e com boas chuvas no oeste, e agora a situação se inverteu. “A virada de chave na última semana foi que o padrão vinha de temperaturas amenas e chuvas mais irregulares e agora as chuvas seguem irregulares, mas a previsão está mostrando expectativa de temperaturas acima da média para essa época do ano na reta final do mês de julho”, ressalta. 

Além das questões climáticas,há o fator da guerra na Ucrânia, agora com o cancelamento do corredor de exportação na Ucrânia. “Apesar de a Ucrânia não ser exportadora de soja, ela é muito importante no mercado de óleo de girassol, e isso acabou puxando o preço do óleo de outros vegetais e da soja também”, destaca. A tendência de preço, segundo Gomes, vai depender do tempo. “Se o clima se mantiver quente e seco durante o mês de agosto, isso pode injetar maiores altas em Chicago, porque haverá perda de produtividade. Por outro lado, se voltar a chover e normalizar as condições das lavouras, a tendência é de preços mais fracos”, comentou. 

A recomendação ao produtor brasileiro é fazer as contas de seus custos de produção e tentar passar parte das vendas durante o movimento de alta. “A grande dificuldade no Brasil, apesar dessa valorização em Chicago, é que o prêmio de exportação nos portos brasileiros consumiu boa parte da elevação de preços, porque estamos vindo de safra 2022/2023 de 155 milhões de toneladas, com comercialização atrasada no início da colheita, e isso impactou na formação do preço”, finalizou.

 


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