Os avanços na medicina são importantes, mas não substituem os afetos das relações humanas, afirma presidente do Sistema Cooperativo Unimed RS
Escritor e médico trouxe no último dia do 29º Simpósio das Unimeds reflexões sobre o ser humano e os desafios de manter relações e buscar a sabedoria no contexto contemporâneo

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No último dia do 29º Simpósio das Unimeds do Rio Grande do Sul (Suergs), nesta sexta-feira, dia 9, Nilson Luiz May, escritor, médico e presidente do Sistema Cooperativo Empresarial Unimed RS, falou sobre como o humanismo se mantém vital em um mundo cada vez mais digitalizado, e trouxe reflexões sobre o ser humano e seus desafios no contexto contemporâneo, na palestra “Da informação à sabedoria: o valor do humanismo em um mundo digital”.
O simpósio, que teve início nesta quarta-feira, neste ano tem como tema “Saúde digital e a importância da conexão humana”. O evento reúne no Centro de Eventos do BarraShoppingSul até sexta-feira dirigentes e técnicos de cooperativas médicas do Estado. Como utilizar conhecimentos sem perder a atenção no ser humano no trabalho foi o mote das palestras até agora, mas o presidente quis trazer a sua fala para um sentido mais amplo, trazendo pontos de vista do cotidiano do ser humano na vida particular, em casa e no lazer, nas relações com a família, amigos e companheiros, em meio ao mundo digital.
Ele lembra que, apesar da importância da informação, ela não gera nenhum pensamento, e o ser humano deve ir além para a sua evolução. Para o aproveitamento das vivências humanas, ele destaca quatro estágios de evolução do pensamento: a informação, o conhecimento, a cultura e a sabedoria – essa que, talvez, o ser humano nunca alcance.
Ele define o conhecimento como um processo de aprendizagem, sendo uma atividade intelectual. “Se nós sairmos da informação e conseguirmos avançar um pouco, nós já estaremos fazendo uma atividade intelectual", diz, trazendo o foco do avanço humano, intelectual e pensador no conhecimento, não só ficando na informação.
Trazendo raízes filosóficas, May diz que sair do conhecimento pode ser até o ato de pegar o título de um livro e ir atrás do motivo. Também, relacionar as informações colhidas no dia a dia com o que realmente importa, que são os afetos – por exemplo, memórias que marcam a infância.
Para o presidente, a cultura é a continuidade da informação e do conhecimento, sendo, portanto, outro avanço. Ele cita o escritor Mario Vargas Llosa, autor do livro “A Civilização do Espetáculo”, que fala sobre cultura e lamenta que ela é, hoje, um valor comercial e de entretenimento. Também cita o poeta Armindo Trevisan, que estava inclusive presente no evento, com dicas de como apreciar a arte, mostrando como se deve olhar um quadro, escultura e outras obras. “Isso dá sentido à vida de cada um. A vida não é só o mundo digital”, afirmou.
Já a sabedoria, ele menciona a obra "Onde Está a Sabedoria?", de Harold Bloom, para indagar que a informação está ao alcance da mão, mas a sabedoria não. Também, a fala de Luiz Felipe Pondé sobre "o desprezo pela sabedoria", refletindo que a modernidade a odeia.
Ele enxerga um embate entre o mundo físico e digital, e defende haver uma união entre ambos, trazendo uma promessa: “como ser analógico, prometo viver em paz com o mundo digital”. Ele destaca maneiras que seres humanos podem encontrar na vida para viver entre dois mundos. “O avanço da IA na medicina, na ciências, no diagnóstico, é fantástico, mas não substitui os afetos, não substitui a família, os filhos, os netos e cachorro. A pessoa é indispensável”, afirma.
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Ao encerrar, ele trouxe um organograma que reflete o sentido da vida no século 21. Em um mundo com tecnologia avançada, há benefícios em todas as áreas, mas há também os benefícios analógicos, sendo, nas palavras de May, “a vida como realmente é”, como prazeres, família, afeto e relações humanas – ou seja, o que vem além do trabalho mas, também, no meio dele. Para o presidente, a solução está na convergência do paralelismo. “O que importa é uma noção paralela de vida. Ter essa noção dá um sentido de unidade”. A proposta é, portanto, viver nessa convergência.
A cerimônia de abertura do evento, que ocorreu nesta quinta-feira, dia 8, ressaltou que, em um mundo cada vez mais digitalizado, a saúde não deve permanecer alheia às transformações, mas sem negligenciar a relação humana entre profissional e paciente. Nesta sexta, as palestras ainda abordam saúde digital, conexão humana e compliance e liderança e alta performance.