“Vilões” das zoonoses, ratos, morcegos e bugios são importantes para a fauna, mas geram preocupações em Porto Alegre

“Vilões” das zoonoses, ratos, morcegos e bugios são importantes para a fauna, mas geram preocupações em Porto Alegre

Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) afirma realizar trabalho preventivo e dá dicas para evitar possíveis contaminações

Felipe Faleiro
Morcegos podem ser vetores de transmissão da raiva

Morcegos podem ser vetores de transmissão da raiva

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As zoonoses, doenças infecciosas transmitidas de maneira geral de animais para humanos, são uma preocupação em Porto Alegre, com a profusão de ratos, morcegos e outros possíveis vetores de doenças. Diante disto, a Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) afirma fazer um trabalho preventivo e reativo diante das circunstâncias. O órgão é dividido em diversas equipes, entre as quais está a de Vigilância de Antropozoonoses (Evantropo), que cuida, por exemplo, do cuidado contra raiva, febre amarela, leishmaniose visceral canina e esporotricose.

Outro é o Núcleo de Vigilância de Roedores e Vetores (NVRV), que investiga possíveis locais de infecção de casos humanos de leptospirose e relacionados a mordeduras de ratos. A desratização é feita em bueiros e tocas de vias públicas, mediante solicitação do morador pelo telefone 156 e avaliação prévia da Saúde. No site da Prefeitura há mais detalhes. O prazo previsto para a realização do serviço é 45 dias após o pedido.

No caso dos morcegos, transmissores do vírus, mas que não podem ser mortos por serem animais silvestres, é realizado o recolhimento conforme demanda e feita uma análise da possível presença do agente transmissor da raiva, doença de rápida evolução e quase sempre fatal. “É importantíssimo que as pessoas mantenham seus animais com a vacina antirrábica em dia para ajudar na prevenção”, comenta o chefe da Equipe de Vigilância de Antropozoonoses, o médico veterinário Paulo Antonio Casa Nova. Vale ressaltar que estes animais, de acordo com ele, são importantes para a fauna, e que eles não devem ser sacrificados pela população, pois são “sentinelas”, e podem, inclusive, controlar a quantidade de insetos, estes sim mais perigosos.

De qualquer forma, no caso da raiva, são recolhidos morcegos desorientados, e uma eutanásia é realizada se necessário. “Esta é uma situação perigosa porque, onde passa uma caneta, passa um morcego. Conversamos com os moradores da casa onde ele foi encontrado e, se ela teve contato, encaminhamos ela para um posto de saúde, para que o médico possa dar orientações, para saber se é necessária a vacinação da pré ou pós-exposição”, acrescentou ele.

No caso dos animais, há também um protocolo específico associado. “Nosso principal foco é ver como os animais estão e a capacidade deles transmitirem o vírus para os seres humanos. O mais importante é realmente mantê-los encoleirados com uma coleira repelente, que é dada ao proprietário sem custo. Ela não deixa o mosquito, que é o transmissor, chegar no cão”. Isto funciona bem no caso da leishmaniose, doença incurável, salientou Casa Nova.

Neste ano, a Prefeitura recolheu nove bugios como forma de inspecionar possíveis casos de febre amarela, e sete dos animais acabaram não registrando a presença do vírus. Os outros dois ainda aguardam resultado dos exames. No final de 2023, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) chegou a recomendar a vacinação contra a doença para todas as pessoas ainda não imunizadas, em razão da morte de um bugio pela doença na Capital, além da confirmação de casos não humanos em outros municípios gaúchos. A vacina está disponível em todas as unidades de saúde.

Já os principais cuidados à população, principalmente moradora de locais próximos a matas, é, para o caso da leishmaniose, evitar sair na rua ao amanhecer, quando o inseto flebótomo tem mais atividade, o uso de repelentes, e a colocação de telas milimétricas nas residências. Já os morcegos são volantes, deixando os locais das colônias criadas em forros em períodos de frio e migrando para lugares mais quentes. Quando há o período de migração, afirmou Casa Nova, a Prefeitura pode também ser acionada pelo 156 ou Equipe de Fauna, pelo WhatsApp (51) 3289-7517 (das 8h30 às 12h e das 13h30 às 18h, exceto finais de semana e feriados), que fará a vistoria e poderá proceder com o resgate e manejo destes animais.

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