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Opinião | Marketing vs Vendas: a urgência de unificar estratégias para impulsionar o crescimento das empresas

Essa desconexão, que muitas vezes “passa batido” no dia a dia das empresas, acaba custando caro em performance, tempo e receita

Gabriel Wagner Hugenthobler é sócio diretor de inovação e novos negócios na agência Marke., além de fundador do workshop para lideranças "Marketing Vs. Vendas: unificar para crescer"
Gabriel Wagner Hugenthobler é sócio diretor de inovação e novos negócios na agência Marke., além de fundador do workshop para lideranças "Marketing Vs. Vendas: unificar para crescer" Foto : Marketing Vs. Vendas: unificar para crescer / Divulgação

*Por Gabriel Wagner Hugenthobler, Diretor de Inovação e Novos Negócios na Marke

Ainda é comum ver marketing e vendas atuando como se estivessem em lados opostos de um mesmo campo.

De um lado, quem busca gerar leads e fortalecer a marca. Do outro, quem precisa transformar oportunidades em resultados tangíveis.

Essa desconexão, que muitas vezes “passa batido” no dia a dia das empresas, acaba custando caro em performance, tempo e receita.

Estudos mostram que empresas que falham em alinhar suas estratégias de marketing e vendas perdem, em média, 10% da sua receita anual.

O mais impressionante é que, mesmo com toda a digitalização dos negócios, apenas 8% das organizações afirmam ter um forte alinhamento entre essas áreas.

Ou seja: a maioria ainda opera com duas engrenagens importantes girando em direções opostas.

Por outro lado, quando marketing e vendas trabalham de forma integrada, os resultados se multiplicam.

Uma pesquisa da HubSpot de 2023 mostra que empresas que aplicam o conceito de “Smarketing” (Sales + Marketing) obtêm:

  • 32% de aumento no faturamento;
  • 28% de melhoria na experiência do cliente;
  • 26% de crescimento na qualidade dos leads;
  • 22% mais eficiência no fechamento de negócios.

Esses dados reforçam uma verdade simples, mas ignorada por muitos: sem união, não há crescimento.

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1. Alinhamento de KPIs e a aceleração da Inteligência Artificial

O primeiro passo para construir essa integração é alinhar objetivos e métricas.

Não faz sentido um time medir sucesso em volume de leads se o outro avalia apenas taxa de conversão.

Ambas as áreas precisam trabalhar com metas de receita conjuntas e Acordos de Nível de Serviço (SLAs) claros, definindo responsabilidades e expectativas mútuas.

Mais do que relatórios, é necessário um senso compartilhado de propósito.

Mas há um novo elemento entrando nesse cenário: a inteligência artificial.

As Inteligências Artificiais (IAs) estão transformando a forma como marketing e vendas se conectam com o cliente e interpretam dados.

Elas ampliam o potencial das empresas que já superaram seus gargalos internos de comunicação e gestão da informação, permitindo operar com dados unificados e previsões mais precisas.

Por outro lado, as companhias que ainda estão presas em silos e planilhas e sistemas desconectados tendem a ficar para trás, pois a IA depende de integração para entregar valor real.

Em outras palavras, quem ainda não unificou marketing e vendas sequer começou a competir neste novo jogo.

2. Clareza sobre a presença digital é o ponto de partida

Grande parte do desalinhamento nasce na base: a falta de clareza sobre como a empresa atrai e nutre potenciais clientes.

Mapear a presença digital em três pilares ajuda a organizar a estratégia:

  • Canais Proprietários (Owned Media): site, blog, e-mail e redes sociais próprias;
  • Canais Orgânicos (Earned Media): mídia espontânea, SEO, avaliações e engajamento natural;
  • Canais Pagos (Paid Media): campanhas de anúncios e mídia programática.

Esse mapeamento permite identificar gargalos e entender em quais pontos marketing e vendas precisam atuar juntos.

Mais do que presença constante, vence quem se conecta no momento certo da jornada.

3. O Inbound Marketing continua essencial para gerar demanda

Apesar de novas tendências surgirem todos os dias, o inbound marketing segue como um dos pilares mais sólidos para a geração de demanda a longo prazo.

Quando bem orquestrado, ele atrai uma audiência qualificada, reduz o Custo de Aquisição de Clientes (CAC) e fortalece a credibilidade da marca.

Mais do que gerar tráfego, o inbound tem o poder de construir relacionamento, e é nesse ponto que o time de vendas encontra terreno fértil para atuar com eficiência.

O sucesso do Inbound, porém, depende da entrega sem ruídos do lead qualificado do marketing para a abordagem consultiva de vendas.

4. Buyer Persona não é ICP, e saber a diferença muda tudo

Um dos erros mais comuns nas estratégias de marketing e vendas é confundir dois conceitos fundamentais:

Buyer Persona representa o perfil humano do comprador: seus comportamentos, dores e motivações.

ICP (Ideal Customer Profile) descreve o tipo de empresa que mais se beneficia do seu produto: segmento, porte, faturamento e maturidade.

Enquanto a persona ajuda a ajustar o discurso e a comunicação, o ICP orienta o foco da prospecção e da priorização de contas.

Usar esses conceitos de forma combinada traz precisão e eficiência, tanto na geração quanto na conversão de oportunidades.

5. A integração nasce na rotina e na cultura, e se consolida nos dados

Não existe ferramenta capaz de substituir diálogo e rotina de alinhamento.

Empresas que performam criam encontros recorrentes entre marketing e vendas para revisar KPIs, discutir gargalos e realinhar prioridades.

Mais do que uma agenda, essas conversas constroem confiança e promovem aprendizado mútuo.

É nesse ambiente colaborativo que se formam times que olham para o mesmo objetivo: crescer juntos.

Ao começar a acompanhar métricas de ambas as áreas, é importante adotar o mantra de “fazer o básico bem feito”.

De nada adianta mapear dezenas de indicadores se eles não forem usados como base para ação.

Mais eficiente do que monitorar 30 KPIs é definir cinco métricas-chave e agir sobre elas.

Performance não é sobre preencher planilhas, e sim sobre gerar movimento real dentro do funil de receita.

Mais do que alinhar processos, é preciso alinhar atitudes

Integrar marketing e vendas não é apenas um ajuste operacional.

É uma mudança de atitude que exige empatia, transparência e visão compartilhada.

Quando as áreas deixam de competir por mérito e passam a dividir responsabilidade pelos resultados, o impacto se reflete em toda a organização.

E, neste novo cenário guiado por dados e inteligência artificial, a integração entre marketing e vendas deixa de ser apenas um diferencial competitivo, torna-se uma condição de sobrevivência.

Empresas que entendem isso cedo constroem vantagem duradoura, previsibilidade de receita e uma cultura de colaboração genuína.

Porque, no fim das contas, crescer é resultado de times que aprendem a jogar juntos.